Investing.com – Ainda que as carnes representem parcela pequena das vendas do Carrefour (BVMF:), a interrupção do fornecimento por parte de frigoríficos pode afetar os indicadores do terceiro trimestre, a depender da quantidade de dias com problemas de abastecimento, tornando este um possível obstáculo em um trimestre que costuma ser forte, de acordo com analistas da XP, Goldman Sachs e EQI.
A interrupção ocorre após falas do CEO do Carrefour da França, Alexandre Bompard, que disse que a companhia não compraria mais carnes do Mercosul, em reforço aos protestos de agricultores locais contra o acordo com a União Europeaia.
“Muitas vezes, essas medidas europeias são disfarçadas por um discurso ambiental, quando as reais intenções são protecionistas. Lembrando que o acordo de livre comércio com o Mercosul assinado em 2019 tem previsão para entrar em vigência no próximo mês”, recorda Tiago Maciel, analista da EQI Research, citando retaliação de frigoríficos como JBS (BVMF:), Marfrig (BVMF:) e Masterboi.
O Carrefour admite a suspensão, mas nega desabastecimento. “A comercialização do produto ocorre normalmente nas lojas. Nenhuma loja está desabastecida”, disse, por meio de nota.
Quais podem ser os impactos?
Ao avaliar a relevância da carne nas vendas, o Goldman Sachs (NYSE:) estima cerca de 12% do total, enquanto o frango e carne suína representariam 6% e 2%, respectivamente.
“Num cenário em que assumimos que 6%-12% do mix de vendas é impactado pela interrupção no fornecimento (em linha com nossa estimativa da relevância da carne bovina/carne para as vendas consolidadas), cada dia de interrupção representaria -0,07%. para -0,13% queda nas estimativas de vendas do 4T, queda de -0,19% a -0,39% no EBITDA e -0,54% a -1,09% de queda no lucro líquido”, calculam os analistas do Goldman.
Além disso, a possível falta de produtos poderia levar à diminuição do tráfego de clientes como um todo, assim como das vendas em outras categorias, segundo o Goldman.
A EQI concorda e enxerga “a possibilidade de clientes buscarem outras redes que lhes ofereçam cestas de produtos sem restrições”, ao lembrar que esta é uma época de vendas fortes nas lojas de supermercados.
Enquanto isso, a XP Investimentos (BVMF:) projeta que a represente uma fatia em torno de 5% das vendas, mas entende que o “impacto potencial nas vendas do quarto trimestre pode ser maior se uma falta de estoque mais persistente se materializar, uma vez que vemos a carne bovina como um importante impulsionador de tráfego nas lojas, já que as proteínas são amplamente consumidas nas cestas dos consumidores”, aponta a XP.
A XP afirma ainda que uma em cada quatro cestas de clientes contemplam a compra de carne. A interrupção da comercialização deve afetar as vendas mesmas lojas (SSS), enquanto pode ser um driver para a concorrência, com destaque para Assaí (BVMF:).
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