Leila Pereira, 60, e Savério Orlandi, 54, disputam neste domingo (24) a presidência do Palmeiras. Atual dona do cargo, a empresária fluminense busca a reeleição e tem no advogado paulistano seu primeiro adversário ao posto maior do clube alviverde –em 2021, sua chapa foi a única concorrente.
A votação ocorrerá das 8h às 17h, na sede social do clube, na zona oeste de São Paulo. O resultado será conhecido pouco depois, e a expectativa é que a apuração aponte vitória de Leila, considerada amplamente favorita.
No Conselho Deliberativo, que aprovou as candidaturas para a assembleia geral de sócios, ela teve 168 votos, contra 85 do rival. Esses números não são carregados para a votação definitiva, a cargo de cerca de 10 mil associados, porém a prévia dos conselheiros é vista como um termômetro.
De qualquer maneira, Savério assegura que sua candidatura não é mera demarcação de posição com os olhos na disputa de 2027. “Nós entramos desde o início para ganhar a eleição, e a gente acredita que possa ganhar a eleição. A gente vê uma receptividade muito grande”, afirmou.
Leila, por sua vez, trabalha com a com a convicção de que terá mais três anos na presidência. Ela minimiza a concorrência e aponta que Orlandi foi dirigente de 2007 a 2010, um período de dificuldades no futebol que contrasta com os triunfos recentes.
“Quando ele foi diretor de futebol, conquistou um título no profissional. Um. Eu, no profissional masculino, conquistei sete. É o autêntico sete a um”, declarou a empresária. “Hoje, é difícil ser oposição no Palmeiras.”
Mas, enfim, ela tem oposição. Depois de ter entrado no clube como patrocinadora e ter visto as portas abertas por figuras como o ex-presidente Mustafá Contursi, hoje seu desafeto, agora a fluminense vê diversos grupos políticos da agremiação unidos na chapa contrária.
De acordo com Savério, essa união foi forjada após uma entrevista “desrespeitosa” concedida pela presidente no ano passado, na eliminação do Palmeiras da Copa Libertadores. Diante de críticas, a dirigente disse que a equipe voltaria à segunda divisão se ela saísse.
O advogado tem restrições ao trabalho de Leila na condução das finanças e ao conflito de interesses decorrente do fato de ela ser presidente do clube e dona de suas principais patrocinadoras —a Crefisa e a FAM, que estão em fim de contrato e não permanecerão. Segundo ele, a gestão dela tem um “caráter personalíssimo”.
“O Palmeiras precisa voltar a respirar ares democráticos. O clube foi, nos últimos anos, entrando em uma noite sombria novamente, voltando a imperar o clientelismo. Basta ver que a diretoria hoje tem mais de 140 nomes. São 44 assessores especiais da presidência! Não há nem tempo para se despachar com essas pessoas, não há matéria para despachar com 44 assessores”, afirmou Orlandi.
“Eu sou uma pessoa extremamente democrática, extremamente aberta, transparente, estou sempre no clube”, respondeu Pereira. “Isso é conversa de oposição, não tenho o que falar. Hoje o nosso clube é vitorioso esportivamente, é equilibrado financeiramente, as nossas contas são transparentes.”
Savério questiona veementemente essa transparência e lamenta também como se deu o processo eleitoral. Em regra bastante contestada pela oposição, o aluguel do ginásio para a campanha custava R$ 100 mil, com um estande padronizado no valor de R$ 50 mil. No aniversário de Leila, no último dia 11, o local teve uma apresentação da banda Jota Quest.
Os shows gratuitos se tornaram recorrentes, assim como as festas com chope à vontade. A presidente, assim, procurou agradar também os associados que estão mais preocupados com seu dia a dia no clube social do que com os esquemas táticos do treinador Abel Ferreira. E vai às urnas como clara favorita.