O livro em que o jornalista Dom Phillips estava trabalhando quando foi assassinado, em junho de 2022, foi concluído por um grupo de colegas de profissão do autor e será lançado no Brasil pela Companhia das Letras bem no aniversário de três anos da morte do repórter britânico.
“Como Salvar a Amazônia” foi proposto por Phillips à editora Bonnier Books, do Reino Unido, que fechou com ele um contrato de longo prazo para apuração e escrita. O autor já estava com pesquisa avançada e terminara quase metade da obra quando foi emboscado na região da terra indígena do Vale do Javari e morto ao lado do indigenista Bruno Pereira.
Então se formou um movimento de aliança entre repórteres e editores, amigos seus de diversos países, que encamparam a tarefa de terminar o livro com um ar de manifesto em defesa da Amazônia e do jornalismo, nas palavras de Otavio Marques da Costa, publisher da Companhia das Letras.
Jornalistas experientes assumiram cada um a redação de um capítulo, já que o plano integral da obra estava bem delineado no esqueleto apresentado por Phillips à editora.
Entre os autores estão a brasileira Eliane Brum, da plataforma Sumaúma, os americanos Jon Lee Anderson, da revista New Yorker, e Andrew Fishman, do Intercept Brasil, e os britânicos Jonathan Watts e Tom Phillips, respectivamente editor global de ambiente e correspondente para América Latina do jornal The Guardian.
Outros profissionais tarimbados como Sylvia Colombo, Claudio Angelo e Fabiano Maisonnave participaram de uma espécie de força-tarefa para revisar a obra. A assinatura na capa, contudo, será apenas de Dom Phillips, com os colaboradores discriminados dentro dos capítulos.
“É um livro de viagens e de ideias muito bem escrito”, aponta Marques da Costa. O diferencial, segundo ele, é ser uma obra propositiva que traz, com base em perspectiva internacional comparada, sugestões sobre o que pode ser feito para conter os avanços contra a floresta.
Apesar de ser um trabalho feito a muitas mãos, diz o editor, o registro se manteve coeso porque os colaboradores conseguiram “dar integridade ao livro, o que não é um desafio de pequena monta”. “Embora Dom tenha morrido em circunstâncias terríveis, há uma mensagem positiva de manter viva a missão de vida dele.”
NAS TRAVESSURAS… A Companhia está inaugurando ainda mais um selo editorial, agora voltado a livros de romance. A Bloom Brasil, parceria com a americana Bloom Books, começa a funcionar em 2025 e se dedicará a tramas românticas populares entre jovens, como a “romantasia”, com histórias de amor de toques fantásticos. A ideia é publicar autoras já consolidadas lá fora.
…DAS NOITES ETERNAS Já há outras editoras de porte com selos voltados a esse tipo de livro, o que demonstra a aposta do mercado no filão. Só para citar dois, há o Harlequin, do braço brasileiro da HarperCollins, e o Verus, da Record —ambos existem há mais de década e andam passando por reestruturações, para se adequar às sensibilidades do público de hoje.
COM QUE PERNAS EU DEVO SEGUIR O grupo Record, aliás, conseguiu arrematar o próximo livro da psiquiatra best-seller Anna Lembke —vai sair justamente pelo selo BestSeller. A americana conhecida por “Nação Dopamina” e “Nação Tarja Preta”, ambos editados pela Vestígio, está trabalhando no novo “The Power of Surrender”, com previsão de publicação para 2026.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.