Além do impasse sobre as multas trabalhistas, o possível investidor propôs o pagamento dos salários atrasados em até 13 parcelas, mas o Sindicato rejeitou. Uma nova reunião foi marcada para o dia 28 de novembro. Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
A reunião realizada entre representantes do possível comprador da Avibras e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos terminou, mais uma vez, sem acordo.
A reportagem da TV Vanguarda apurou que o ponto principal da reunião foi o debate sobre as multas trabalhistas a serem pagas aos trabalhadores.
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O impasse aconteceu porque, segundo apurou a reportagem, o possível comprador apontou que os valores das multas são muito altos e que precisa de uma proposta para que possam ter retorno em 5 ou 6 anos.
Outro ponto da discussão foi o pagamento dos salários atrasados. Sindicato, por sua vez, propôs aos investidores o pagamento dos valores em até 7 parcelas. A proposta, contudo, foi rejeitada pelos empresários, que propuseram o pagamento dos salários atrasados em até 13 parcelas.
Com o impasse sobre as multas e os salários atrasados, uma nova reunião ficou marcada para a próxima quinta-feira (28), às 15h.
Funcionários da Avibras participam de reunião em Jacareí
Em recuperação judicial por conta de uma crise financeira, a empresa anunciou no fim de outubro que está sendo negociada com um investidor brasileiro, que ainda não foi revelado – entenda abaixo.
Desde então, o sindicato e o investidor têm se reunido para alinhar as propostas voltadas aos funcionários, que estão em greve e sem receber salários há quase 20 meses por conta da crise financeira da empresa. O objetivo é definir as condições de pagamento das dívidas e direitos dos trabalhadores caso o negócio seja concretizado.
O primeiro encontro aconteceu no dia 8 de novembro, quando o sindicato apresentou ao investidor as propostas para retomada dos funcionários ao trabalho.
Na última terça-feira, 19 de novembro, o possível investidor apresentou as contrapropostas e não houve acordo.
Nesta sexta-feira (22), após a terceira reunião, o Sindicato que representa a categoria emitiu uma nota, na qual afirma que “na terceira rodada de negociação, o representante do investidor que está interessado em comprar a Avibras manteve a proposta para que os trabalhadores abram mão de aproximadamente R$ 300 milhões em multas referentes aos atrasos salariais”.
Ainda segundo o sindicato, “em substituição às multas na íntegra, o investidor oferece o valor equivalente a duas vezes a correção dos valores salariais atrasados pelo INPC. O pagamento seria feito em fevereiro de 2026”.
Na negociação anterior, o investidor havia proposto parcelar em 13 vezes os salários que estão em atraso. Na proposta apresentada nesta sexta-feira, o parcelamento ficaria entre oito e 13 meses. O Sindicato propôs entre cinco e sete parcelas. Não houve consenso.
Em relação ao pagamento do 13º salário, o investidor aceitou a proposta apresentada pelo Sindicato, para que seja depositado no dia 20 de dezembro a todos os trabalhadores.
Por fim, o sindicato afirmou que a omissão do nome da empresa interessada em comprar a Avibras “dificulta, ainda mais, os avanços nas negociações”, pois os sindicalistas consideram a divulgação do nome como algo “essencial”.
Sindicato e funcionários da Avibras se reúnem para discutir propostas de investidor
André Luis Rosa/TV Vanguarda
Venda da Avibras
A indústria bélica Avibras afirmou no fim de outubro que a venda da empresa está sendo negociada com um investidor brasileiro. O nome do investidor e o valor do negócio não foram revelados.
Segundo a Avibras, no dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.
Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, como o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato.
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
“O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.
Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação”.
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que negocia com um investidor brasileiro
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial – de 2022 para cá – é de cerca de R$ 327 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 924 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
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