Há uma banda lendária, da qual se fala pouco, mas que tem tudo a ver com São Paulo e foi fundamental no desenvolvimento do rock paulistano. É o Joelho de Porco, um conjunto roqueiro que desfilou pelos rádios e TVs nos anos 1970. Causou barulho com a sua inovação, desinibição, vestimenta a caráter e por tratarem temas sérios com uma perspectiva bem-humorada.
Criado em 1972, o grupo ficou semiativo até quando morreu Tico Terpins, seu principal líder, em 1998. Desde então se mantem calado. Na verdade houve um filme dos seus 50 anos chamado “Meu tio e o joelho de porco – A mais legal e original das bandas brasileiras”.
O conjunto antecipou o punk rock com sua atitude irreverente e tinha a vida na metrópole como tema fundamental. Seu primeiro vocalista, Próspero Albanese, que deu o tom gutural e alucinado à banda, decide deixá-la, em 1976, para estudar direito. É substituído pelo ítalo-argentino Billy Bond, que avançou na trilha roqueira e trouxe um sotaque espanhol para o conjunto.
O Joelho de Porco surgiu oficialmente em maio de 1972 quando seus integrantes tocaram no Tuca (Teatro da Universidade Católica). Estavam no palco Tico Terpins (violão, voz e guitarra base), Próspero Albanese (bateria e vocais), Gerson Tatini (baixista), Rodolfo Ayres Braga (baixo e vocais), Walter Baillot (guitarra solo) substituiu Gerson Tatini após convite de Rodolfo Ayres Braga, Conrado Ruiz (guitarra, piano e vocais) e Flavio Pimenta (bateria e percussão).
Ao longo de sua trajetória, o conjunto teve várias formações. Inclusive, em 1983, com Tico Terpins, Próspero Albanese e o cantor e compositor Zé Rodrix, que lançaram o LP duplo “Saqueando a Cidade”, numa tentativa de resgatar a memória do Joelho de Porco.
Também se notabilizou por falar de São Paulo com críticas engraçadas. Nos dois primeiros discos, “São Paulo = 1554/hoje” (1976) e “Joelho de Porco” (1978) é fácil ouvir referências à cidade. O próprio nome do primeiro elepê é uma homenagem explícita à metrópole.
Há uma grande quantidade de músicas nos quatro discos e um compacto, gravados pelo grupo, que mergulha no espaço urbano, como “Bom dia São Paulo”, “Trombadinha (São Paulo by Day)” e “Aeroporto de Congonhas”.
Em Aeroporto de Congonhas eles cantam “a triste comédia da família paulistana, que não tem fim de semana, nem praia nem montanha”. E diante desse quadro desolador a família vai para o aeroporto, onde “passa seus domingos só para fazer avião descendo, só para ver avião subindo”.
Outra música que tem forte vínculo com a cidade, “São Paulo by Day”, fala dos trombadinhas, crianças que assaltavam os transeuntes no centro de São Paulo dando trombadas. São eles: “Andando nas ruas do centro, cruzando o Viaduto do Chá, eis que me vejo cercado, trombadinhas querendo me assaltar!,
me assaltar!”
Um momento especial do Joelho de Porco foi um show feito em parceria com a cantora Aracy de Almeida. Aracy, que cantou rock satírico e ensaiou seis músicas de Noel com a banda. Em 1988, numa incursão sazonal, o grupo gravou o LP “18 Anos sem Sucesso”.
O Joelho de Porco foi pioneiro também na realização de discos independentes, como foi o primeiro. Mas depois se acertaram com a Som Livre, em 1978, que passou a tocá-los e promovê-los, Houve um momento em que eles estavam sempre aparecendo na televisão. Tiveram ampla divulgação, mas pouco tempo depois a banda acabou.
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