A Justiça de São Paulo condenou Mauricius da Silva, 26, a 19 anos e dois meses de prisão pelo homicídio e do ambientalista Adolfo Souza Duarte, 41, conhecido como Ferrugem —que foi morto durante um passeio de barco na represa Billings, no Grajaú, zona sul de São Paulo, em 1º de agosto de 2022.
Ele também foi condenado por ocultação de cadáver.
Silva, que está preso há mais de dois anos, vai cumprir a sentença em regime fechado. Cabe recurso. Em seu depoimento, ele alegou que o ambientalista caiu da embarcação após um solavanco.
Ferrugem era presidente da ONG Meninos da Billings, que, além de atuar em questões de preservação no entorno da represa, realizava os passeios de barco.
A esposa de Ferrugem, Uiara de Sousa, 42, se mostrou satisfeita com a sentença. “Estamos felizes, nos sentimos mais leves. Sabendo que não vão ser os 19 anos completos, mas a sensação é de vitória”, disse para a reportagem.
Silva foi o primeiro envolvido a sentar no banco dos réus. Ele foi acusado pelo Ministério Público por homicídio qualificado.
Conforme a denúncia da promotoria, Ferrugem teria convidado um grupo formado por Silva e outras três pessoas (um homem e duas mulheres) para um passeio em seu barco.
Já no interior da embarcação eles teriam consumido bebidas alcoólicas. Vithorio Alax Silva Santos, 25, o outro homem do grupo, teria ficado enciumado ao ver Ferrugem dançar com um das mulheres, e por isso, o asfixiou até a morte, sempre de acordo com a versão da Promotoria.
Na sequência, Santos então teria atirado o corpo do ambientalista na represa. Silva e as duas mulheres que testemunharam a ação não teriam feito nada para impedir o crime, dizem os promotores.
O corpo do barqueiro foi localizado na manhã do dia 6 de agosto, quando emergiu para superfície da represa. Laudo do IML (Instituto Médico-Legal) apontou que ele foi vítima de asfixia mecânica, sem sinal de afogamento. Há a possibilidade, de acordo com o laudo, de que tenha sido aplicada uma gravata nele, conforme lesões observadas no pescoço e no tórax.
Os jovens relataram à polícia que o homem caiu da embarcação após um solavanco e não conseguiu voltar para o barco, tese que foi descartada pela família de Ferrugem desde o início. Ele sabia nadar e conhecia bem a represa.
Em depoimento prestado um dia depois do crime, Silva contou para os policiais civis que o passeio durou 30 minutos. Segundo a versão dele, o barco deu um solavanco quando estava voltando para a margem e Ferrugem e uma das meninas, que estavam na parte de trás da embarcação, caíram na água.
Conforme Silva, ele manejou o volante do barco, que estava em velocidade baixa, e o veículo começou a retornar. A mulher conseguiu ser salva ao se agarrar uma boia lançada por eles. Ferrugem não foi mais visto depois de cair.
Já na volta o ponto em que iniciaram o passeio eles teriam pedido ajuda a pessoas que estavam num bar. Nesse momento eles passaram a ser agredidos pelos frequentadores do estabelecimento, que conheciam Ferrugem. A mesma versão foi narrada pelos Santos e pelas duas mulheres.
O júri de Silva foi desmembrado dos outros envolvidos. As duas mulheres chegaram a ser presas, mas foram soltas em junho de 2023 por decisão da Justiça, que entendeu que elas colaboraram com as investigações e se apresentaram espontaneamente à delegacia em todas as ocasiões em que foram chamadas.
Santos permanece preso. A data de seu julgamento ainda não foi anunciada.