O mundo vai precisar, cada vez mais, de energia limpa e renovável para fortalecer nossa segurança energética e, principalmente, combater as mudanças climáticas.
Enchentes e incêndios florestais no Brasil, temperaturas recorde no Reino Unido: os impactos das mudanças climáticas são cada vez mais evidentes. Para enfrentar este desafio, é preciso uma transição global para fontes limpas de energia.
Esta é uma grande oportunidade, uma chance de impulsionar o crescimento econômico, criar empregos de qualidade e criar mais estabilidade —nacional e internacional.
As oportunidades de investimento também são enormes, representando quase US$ 7 trilhões (R$ 40 trilhões) para a economia global. É uma jornada que envolve uma ampla gama de tecnologias: turbinas eólicas e painéis solares, aproveitando a energia do vento e do sol; captura, armazenamento e utilização de carbono; hidrogênio limpo; biocombustíveis sustentáveis que descarbonizam setores de transportes, como a aviação.
No Reino Unido, assumimos a missão de alcançar um sistema de energia limpa até 2030. Por isso, criamos a Great British Energy, empresa pública britânica para investir em energia limpa que vai acelerar imensamente o investimento em energias renováveis e eliminar barreiras desnecessárias à infraestrutura vital do setor energético.
No Brasil, onde já temos cerca de 90% da nossa matriz elétrica limpa e sustentável, e 50% da nossa matriz energética total renovável, bem acima da média mundial, com uma longa experiência em biocombustíveis, ainda podemos avançar muito. Lançamos recentemente um projeto chamado “Combustível do Futuro” para acelerar o uso de combustíveis sustentáveis na aviação, maquinário, avançando na mistura de etanol com combustíveis fósseis e adoção de carros híbridos, movidos a eletricidade e biocombustíveis.
Temos orgulho de estar juntos como líderes na luta contra a mudança climática. Mas a realidade é que o mundo está fora da rota certa para atingir suas metas climáticas. Precisamos limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC, no máximo. Para isso, queremos impulsionar o progresso em três áreas.
Em primeiro lugar, precisamos ser ousados. Tanto o Brasil como o Reino Unido anunciaram Novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (as NDCs) na COP29, em Baku, neste mês, estabelecendo metas ambiciosas para reduzir nossas emissões de gases de efeito estufa. Encorajamos veementemente outros países –particularmente as economias do G20, que são responsáveis por cerca de 80% das emissões globais– a apresentarem os cortes necessários nas emissões para que o mundo passe a trilhar o caminho certo.
Em segundo lugar, precisamos de financiamento. Atualmente, mercados emergentes e economias em desenvolvimento recebem apenas 15% dos investimentos em energia limpa. A Agência Internacional de Energia avalia que este índice precisa aumentar seis vezes até o início da década de 2030. O Brasil está liderando o caminho com sua nova plataforma de investimento para mobilizar fluxos muito maiores de capital privado em seus projetos de transição climática. Queremos ajudar outros a seguir esse modelo e a aumentar drasticamente o investimento do setor privado, conectando investidores a grandes projetos sustentáveis em todo o mundo.
Em terceiro lugar, precisamos de alianças. Países com ideias semelhantes, trabalhando juntos em torno de um objetivo comum, podem alcançar grandes feitos. Na segunda-feira (18), o Brasil liderou a criação de uma nova Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que vai reunir recursos, políticas públicas e novas tecnologias para ajudar as pessoas mais vulneráveis ao redor do mundo. O Reino Unido foi um dos primeiros países a aderir à iniciativa.
E, nesta terça (19), lançamos, em conjunto, uma nova Aliança Global para Energia Limpa, que reúne diversos países —desenvolvidos e em desenvolvimento, do Norte e do Sul— em torno de um objetivo claro: ajudar a triplicar a capacidade de produção de energia renovável e a duplicar a eficiência energética até 2030, como foi preconizado no Global Stocktake, um balanço global da ONU para acompanhar os progressos realizados no âmbito do Acordo de Paris.
A aliança vai trabalhar em missões específicas, começando pela remoção das barreiras ao financiamento.
Vamos apoiar iniciativas para permitir que países em desenvolvimento tragam o investimento necessário para concretizar suas metas climáticas. Também vamos oferecer apoio e assistência técnica para ajudá-los a desenvolver uma série de projetos que poderão atrair financiamento privado, ajudando a criar empregos de qualidade e a gerar crescimento e prosperidade, enquanto reduzem emissões de carbono.
Tanto a Aliança Global para Energia Limpa como a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza vão continuar a crescer e a se desenvolver. É com orgulho que demos estes primeiros passos em conjunto na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, nesta semana. É um sinal dos laços crescentes entre nossos dois países.
No próximo ano, vamos comemorar 200 anos de relações diplomáticas entre Reino Unido e Brasil. Será um momento não só para celebrar, mas também para aprofundar ainda mais a nossa cooperação.
Afinal de contas, nós, brasileiros e britânicos, partilhamos muitas coisas —não só o amor pelo futebol, mas também a determinação de melhorar a vida dos trabalhadores e de enfrentar os desafios globais que cada vez mais afetam as nossas vidas.
É isso que está dirigindo os passos que demos nesta semana e é o que servirá de combustível para a nossa ambição de trabalhar cada vez mais próximos no futuro.