O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou neste domingo (17) os mortos no conflito que ocorre na Faixa de Gaza e defendeu que a governança global repudie “a destruição das guerras”.
Lula participou de plenária do U20 no Armazém da Utopia, na região portuária do Rio de Janeiro. A iniciativa reuniu prefeitos de cidades dos países-membros do G20 para debates sobre pautas relacionadas a economia, clima e desenvolvimento.
“Falar em reforma da governança também implica repudiar a destruição das guerras. A Faixa de Gaza, um dos mais antigos assentamentos urbanos da humanidade, teve dois terços de seu território destruídos por bombardeios indiscriminados, 80% de suas instalações de saúde já não existem mais. Sob seus escombros jazem mais de 40 mil vidas ceifadas. Não haverá paz nas cidades se não houver paz no mundo”, afirmou o presidente brasileiro, durante discurso na plenária.
Lula também defendeu um pacto federativo nacional para solucionar problemas de segurança pública e citou a vereadora Marielle Franco, morta em 2018, ao falar sobre as favelas cariocas, como a Providência e a Maré.
“A luta de Marielle por uma cidade mais inclusiva, por uma educação pública transformadora e pelo acesso a todos a um serviço público de qualidade é imperativa para criar cidades sustentáveis e que atendam às necessidades de todos”, disse Lula.
“Um quarto dos habitantes do planeta vive em assentamentos precários. No Brasil, as mulheres negras são maioria nesses territórios. Seus filhos são as maiores vítimas da desigualdade e da violência urbana, que todos os anos cobra um número de vidas semelhante aos das guerras mais violentas.”
O presidente recebeu um documento com resoluções debatidas pelos prefeitos em sessões anteriores do U20.
No sábado (16), prefeitos reunidos no Rio pediram US$ 800 bilhões (cerca de R$ 4,6 trilhões) por ano em investimentos públicos e financiamentos para adaptação e mitigação de efeitos das mudanças climáticas.
O valor é quatro vezes superior aos recursos disponíveis atualmente para financiamento urbano, afirmou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), no sábado. Ele sugeriu a criação de um fundo garantidor para que as prefeituras possam acessar novas fontes de financiamento.
“As cidades precisam de um acesso maior, mais rápido e inclusivo ao capital, dentro de uma arquitetura financeira global renovada. Ele é necessário para fornecer os serviços e a segurança socioeconômica das nossas comunidades”, disse Paes em discurso neste domingo.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, também participou da plenária como convidado —o país não faz parte do grupo.
Neste domingo (16), véspera do primeiro dia da cúpula do G20, Lula tem agenda cheia, com 11 reuniões com líderes de países no Forte de Copacabana.
Lula tem encontros bilaterais com líderes como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed bin Zayed al-Nayhan, e o presidente da França, Emmanuel Macron. Também se reúne com presidentes e primeiros-ministros da África do Sul, Bolívia, Egito, Turquia, Angola, Vietnã e Malásia.