Dois ativistas climáticos que jogaram pó vermelho na vitrine que guarda a Constituição dos EUA no Museu do Arquivo Nacional, em Washington, em fevereiro, foram condenados esta semana a mais de um ano de prisão cada um.
A juíza Amy Berman Jackson, do Tribunal Distrital dos EUA em Columbia, sentenciou na terça-feira (12) um dos ativistas, Jackson Green, 27, de Utah, a 18 meses de prisão, seguidos por dois anos de liberdade supervisionada.
Na sexta-feira (15), a juíza sentenciou o outro ativista, Donald Zepeda, 35, de Maryland, a dois anos de prisão com dois anos de liberdade supervisionada.
Eles devem pagar US$ 58.607,59 (cerca de R$ 340 mil) em indenização ao Arquivo Nacional, de acordo com os registros do tribunal.
Em ação gravada em vídeo, Green e Zepeda lançaram pó sobre a vitrine na rotunda do Museu do Arquivo Nacional em 14 de fevereiro, em um ato que os promotores descreveram como uma “manobra” destinada a chamar a atenção para as mudanças climáticas.
Os dois homens também derramaram pó sobre si mesmos e permaneceram na rotunda, clamando por soluções para as mudanças climáticas.
A Constituição não foi danificada, segundo o museu, que afirmou que o pó era feito de pigmento e amido de milho.
A limpeza custou mais de US$ 50 mil (aproximadamente R$ 290 mil) e exigiu dezenas de especialistas em conservação e membros da equipe de manutenção, de acordo com o museu.
Green e Zepeda foram acusados de crime de destruição de propriedade do governo.
Zepeda inicialmente se declarou inocente em fevereiro. Em agosto, ele mudou sua declaração para culpado, de acordo com os registros do tribunal.
Green, que está ligado a um grupo chamado Declare Emergency, segundo os registros do tribunal, já havia sido acusado em um outro caso de vandalismo na Galeria Nacional de Arte em novembro de 2023, quando escreveu “Honor them” (honre-os) em tinta vermelha em uma parede ao lado de um mural do 54º Regimento de Massachusetts, de acordo com documentos do tribunal.
Green se declarou inocente das duas acusações que enfrentou pelos episódios na Galeria Nacional de Arte e no Museu do Arquivo Nacional.
Green foi condenado a 90 dias de prisão pelo ato de vandalismo na Galeria Nacional de Arte. Essa sentença será cumprida simultaneamente com sua sentença de 18 meses. Green também foi condenado a pagar US$ 706 (R$ 4.000) à Galeria Nacional de Arte.
O advogado de Green recusou-se a comentar. O advogado de Zepeda não respondeu imediatamente a um pedido de comentário na sexta-feira.
Green e Zepeda poderiam ser condenados a até dez anos de prisão pela acusação de crime de destruição de propriedade do governo.
Os promotores recomendaram que Green fosse condenado a dois anos de prisão, seguidos por três anos de liberdade supervisionada, de acordo com um memorando de sentença. Os promotores recomendaram que Zepeda fosse condenado a quatro anos de prisão, seguidos por três de liberdade supervisionada.
Os promotores disseram no memorando que Zepeda tinha “uma longa lista” de infrações criminais anteriores, incluindo casos de roubo, invasão e danos à propriedade.
Em uma declaração submetida ao tribunal, Green escreveu que seu objetivo era chamar a atenção para a “crise climática e suas implicações de justiça social”, e ele pediu desculpas àqueles que estiveram envolvidos no esforço de limpeza.
“Eu realmente pensei que estávamos agindo de uma maneira que não causaria danos significativos a outros, mas agora percebo a ignorância e a falta de consideração que essa crença representava”, escreveu Green. “Também reconheço que, independentemente das minhas intenções, o dano que causei é real e é minha responsabilidade.”
Colleen Shogan, arquivista dos Estados Unidos e chefe da Administração Nacional de Arquivos e Registros, disse em uma declaração na terça-feira que gostaria de ver uma sentença mais longa para Green.
“Estou contente que a juíza concordou que uma mensagem forte era necessária para refletir a importância desses crimes e, esperançosamente, deter futuros ataques ao Arquivo Nacional e a todas as instituições culturais em todo o país”, disse Shogan.