Desde que uma iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas) começou a monitorar vazamentos de metano em infraestruturas de petróleo e gás no ano passado, foram emitidos 1.200 alertas para governos e empresas.
Mas apenas 12 desses alertas para grandes emissões —apenas 1%— receberam uma “resposta substancial” com ações tomadas para conter os vazamentos, de acordo com um relatório do Observatório Internacional de Emissões de Metano da ONU divulgado na sexta-feira (15).
“Esperávamos que [a taxa de resposta] fosse substancialmente maior”, disse Roland Kupers, principal arquiteto do programa, durante uma apresentação na cúpula climática COP29, no Azerbaijão.
Muitos dos que foram notificados sobre as grandes emissões de metano detectadas por satélites dentro de suas fronteiras haviam aderido a um compromisso global lançado há três anos para reduzir as emissões de metano em 30%, em relação aos níveis de 2020, até 2030.
“Governos e empresas de petróleo e gás devem parar de apenas falar sobre esse desafio”, disse Inger Andersen, diretora executiva do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), sob o qual o programa de monitoramento do Sistema de Alerta e Resposta ao Metano é executado.
“Eles devem reconhecer uma oportunidade significativa que este sistema apresenta e começar a responder contendo vazamentos que estão liberando metano que aquece o clima.”
O metano é um gás de efeito estufa potente, com 80 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono em um período de 20 anos. Até o momento, as emissões de metano causaram cerca de 0,5°C de aquecimento global, um terço do aumento da temperatura global observado desde meados do século 19.
Tampar vazamentos de poços de petróleo e gás e equipamentos é uma das maneiras mais rápidas de começar a enfrentar o problema, dizem os especialistas. Também faz sentido do ponto de vista financeiro, observam, já que metano perdido significa produto perdido.
As emissões de metano da indústria de petróleo e gás permaneceram em um nível recorde desde 2019, apesar de 150 países terem assinado o Compromisso Global de Metano.
Cerca de 140 empresas aderiram a outro esforço, a Parceria de Metano de Petróleo e Gás 2.0 da ONU, comprometendo-se a enfrentar as emissões não intencionais de metano.
De acordo com os dados do programa da ONU, o Turcomenistão teve o maior número de incidentes de vazamento de qualquer país, com quase 400 emissões detectadas.
Os Estados Unidos ficaram em segundo lugar, com 178 incidentes, enquanto o anfitrião da COP29 deste ano, o Azerbaijão, recebeu alertas para 32 emissões.
As conclusões do relatório foram limitadas pelo fato de que o metano às vezes pode ser escondido da detecção por satélite por cobertura de nuvens.
As poucas respostas dadas aos alertas de vazamento ocorreram em Argélia, Azerbaijão, Nigéria e Estados Unidos, disse o relatório do Pnuma.
Com vários programas de satélite lançados no último ano para rastrear o metano, algumas empresas disseram que usariam os dados para cumprir quaisquer novas regulamentações nacionais sobre metano.
Países em desenvolvimento também podem usar dados de vazamento para solicitar financiamento para resolver o problema, e filantropias anunciaram no ano passado quase meio bilhão para apoiar esse esforço.
A empresa estatal de petróleo do Azerbaijão, Socar, que uniu a outras empresas nacionais de petróleo e gás na Carta de Descarbonização de Petróleo e Gás do ano passado, comprometendo-se a eliminar o metano nesta década, disse que até agora identificou 400 vazamentos através do monitoramento por satélite.