A SpaceX planeja para esta segunda-feira (18) o sexto voo integrado do seu veículo Starship. O maior foguete da história deve decolar mais uma vez a partir das 19h (de Brasília), a partir de Starbase, instalação da companhia em Boca Chica, no Texas, e essencialmente repetir o que fez no quinto voo, em outubro –mas forçando mais os limites, sobretudo do segundo estágio.
É o que no jargão aeronáutico se chama de “empurrar o envelope”, tentar levar o veículo além da margem segura para estipular limites mais elevados para suas operações.
A trajetória geral do voo seguirá o padrão adotado em outubro. Por isso, não há necessidade de uma nova licença da FAA (agência que regula lançamentos comerciais nos Estados Unidos). O primeiro estágio deve se separar e então realizar as manobras para retorno à plataforma.
Embora esse procedimento tenha obtido sucesso na tentativa anterior, ainda há incertezas em torno dele e a empresa reforça que a tentativa só ocorrerá se todos os dados do voo indicarem condição verde para a manobra. Caso algo esteja fora do normal, o veículo será desviado para fazer um pouso suave no mar.
Quanto ao segundo estágio, o veículo Starship propriamente dito, ele fará a mesma trajetória suborbital do voo anterior, completando cerca de meia volta ao redor do globo antes de um pouso no oceano Índico. Uma diferença importante é que nesse voo a nave tentará acionar um de seus motores Raptor no espaço –é algo que ainda não foi feito no programa de testes, mas será essencial para futuras missões orbitais.
Outra diferença importante, desta vez em favor do espetáculo, tem a ver com o horário do voo: desta vez, partindo do início da noite em Boca Chica, ele descerá no oceano Índico ainda sob luz do dia. No quinto voo, o pouso bem-sucedido na água foi confirmado por telemetria, mas a escuridão da noite impediu qualquer grande visão –exceto depois que ele tombou e explodiu.
O segundo estágio também contará com experimentos de proteção térmica e mudanças operacionais que vão testar os limites do Starship para a reentrada e futura reutilização. Partes da nave estarão sem telhas de proteção térmica, e ela entrará na atmosfera num ângulo de ataque maior na fase final de descida, “propositalmente estressando os limites do controle de flaps para ganhar dados sobre futuros perfis de pouso”, descreveu a SpaceX.
Não se surpreenda, portanto, se desta vez o veículo não sobreviver ao furioso mergulho atmosférico, submetido a temperaturas de 1.500 graus Celsius na fase mais aguda da reentrada.
As inovações, claro, não param por aí. Este, por sinal, será o último voo com esse modelo original do Starship –lembrando que ele mesmo foi sofrendo centenas de aperfeiçoamentos de missão a missão.
A partir do sétimo voo, as atualizações serão mais notáveis e, segundo a companhia, incluem flaps frontais redesenhados, tanques de propelente maiores, a geração mais nova de telhas de proteção térmica e camadas de proteção térmica secundária. O plano é que essas mudança ajudem a desenvolver um sistema de proteção térmica totalmente reutilizável, que viabilize a rápida recuperação e preparação do Starship para novos voos.
O programa ainda precisa demonstrar várias tecnologias antes que o foguete possa ser usado para o transporte de humanos à superfície da Lua, como quer a Nasa para a missão Artemis 3, marcada para o fim de 2026 (com possível atraso para 2027 ou 2028).
No ano que vem, a SpaceX deve atingir o uso do Starship para lançamentos orbitais (substituindo os foguetes Falcon 9 ao menos para voos dos satélites Starlink), assim como a recuperação do segundo estágio e a capacidade de reabastecimento em órbita –todas tecnologias cruciais para o retorno lunar, mais adiante nesta década.