O confronto entre Mike Tyson, 58, e Jake Paul, 27, foi permeado por grandes expectativas, mas também deixa dúvidas quanto ao seu caráter esportivo. O lutador mais jovem venceu o veterano nesta sexta-feira (15) por decisão unânime (80-72, 79-73 e 79-73).
Eventos como o realizado no AT&T Stadium em Arlington, no Texas, com a venda de 80 mil ingressos, vêm sendo explorados de forma midiática ao reunir no ringue boxeadores aposentados, influenciadores digitais e ex-lutadores de MMA. No entanto, são alvo de críticas pelos defensores do boxe profissional.
O confronto entre Paul e Tyson contou com transmissão da Netflix, que promoveu o evento ao lado da Most Valuable Promotions. O tetracampeão mundial Acelino Popó Freitas atuou como comentarista no canal de streaming.
Pelas regras, a luta desta sexta poderia ter no máximo oito rounds de dois minutos, enquanto o duelo profissional tem três minutos. A redução foi um pedido do próprio Tyson.
Além da diferença de idade entre Tyson e Paul de mais de 30 anos, flutuava a cada divulgação do evento curiosidade com o desempenho técnico e a forma física do veterano. Considerado um dos maiores pesos-pesados de todos os tempos, ele não luta profissionalmente desde 2005.
O confronto, a princípio, havia sido agendado para o dia 20 de julho. No entanto, Tyson sofreu com crise de úlcera e, por isso, foi remarcado.
Em entrevista à Folha, no último dia 30, ‘Iron Mike’ afirmou que se sentia bem e em plena forma para fazer frente ao influenciador apesar da diferença de idade.
“Sou capaz de fazer isso. Ainda estou lutando bem. Estou com uma boa aparência, treinando bem. Boxeio oito rounds, duas vezes por semana. Estou pronto”, disse Tyson, que é treinado pelo brasileiro Rafael Cordeiro, mais conhecido por preparar atletas de MMA como Fabrício Werdum.
Em 2020, Tyson, então com 54 anos, fez a sua última aparição em um ringue quando voltou a participar de uma luta de exibição com outro veterano da modalidade, Roy Jones Jr, à época com 51 anos.
Tyson foi o mais agressivo, mas teve dificuldades para acertar o oponente. No final, houve um empate simbólico e, como mandava o protocolo naquele evento, os dois foram declarados campeões.
Do outro lado, Jake Paul, bastante famoso pelas redes sociais com quase 27 milhões de seguidores em sua conta no Instagram, vem despertando a atenção pela forma como promove suas lutas.
Nascido em Cleveland, Paul passou a ficar famoso com vídeos publicados nas redes sociais —o mais popular deles, o clipe da música “It’s everyday bro”, contabiliza mais de 300 milhões de visualizações.
O cartel de 11 lutas é modesto comparado ao que consagrou Tyson, com 50 vitórias em 58 duelos, sendo 44 por nocautes.
O único revés até aqui, por decisão dividida dos árbitros, aconteceu no início de 2023 contra Tommy Fury, boxeador profissional e irmão do ex-campeão dos pesados Tyson Fury.
Paul está apenas em seu quinto ano competindo profissionalmente. O influencer começou a chamar atenção como boxeador ao nocautear Nate Robinson, ex-astro da NBA, logo no segundo round.
Nesta sexta, Tyson brincou com o hábito de morder as luvas. “É uma mania. Tenho fixação por mordidas”, disse, em alusão à famosa mordida em Evander Holyfield.
Contra Anderson Silva, o maior nome que havia enfrentado, Paul garantiu a sua vitória ao entrar com uma direita que levou o brasileiro a knockdown. “Ninguém mais pode falar de você”, disse Anderson para o americano, após a sua derrota.
Em uma das várias lutas que antecederam o combate principal, o brasileiro Whindersson Nunes enfrentou o indiano Nareej Goyat em seis rounds de três minutos. Goyat venceu por pontos em decisão unânime dos juízes: 59-55, 60-54 e 60-54.
Em outra disputa, que teve como adversários os meio-médios mexicanos Mario Barrios e Abel Ramos, a Netflix aproveitou para divulgar a sua série “Cobra Kai”. O canal de streaming dividiu a tela para exibir um trailer de “Cobra Kai” e mostrou na plateia, assistindo aos combates, os atores William Zabka e o Ralph Macchio, que participam da série.