A COP29 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) iniciou-se nesta semana, na segunda-feira (11), em Baku, no Azerbaijão, mais um país petroleiro. A Conferência das Partes retorna ao debate sobre financiamento climático. Uma das metas é definir um novo valor de financiamento climático e de onde virão os recursos para substituir o último acordo que previa US$ 100 bilhões por ano, mas nunca chegou nem perto de ser cumprido pelos países desenvolvidos. Como se eles não fossem os maiores emissores de gases de efeito estufa no planeta. Além disso, esta COP já iniciou com algumas polêmicas.
A saída da delegação argentina do evento, a pedido do presidente negacionista Javier Milei, preocupa a agenda climática, assim como a eleição do também negacionista Donald Trump, que já disse que retiraria os EUA do Acordo de Paris.
O governador do estado do Pará causou revolta em organizações indígenas, quilombolas e ambientalistas com um discurso racista proferido durante a abertura de um estande na COP29, no qual afirmou que os povos indígenas e quilombolas dependem do mercado de carbono para garantir sustento e dignidade. O governador já vinha sendo denunciado por fechar a venda de milhões de créditos de carbono sem realizar o consentimento livre, prévio, informado e de boa-fé com as comunidades, previsto pela OIT 169.
Nesta quinta-feira (14), durante a COP29, o Engajamundo —uma organização brasileira de jovens ativistas pelo clima— entregou o “Troféu Cara de Pau” ao governador do Pará, Helder Barbalho, uma figura controversa na política ambiental brasileira. Autodenominado “Governador Verde” e “Governador do Povo”, Barbalho foi criticado pelos ambientalistas que o acusaram de greenwashing —uma tentativa de construir uma imagem sustentável que, na visão dos ativistas, não corresponde às realidades enfrentadas no estado.
Essa ação simbólica chamou a atenção para o estado que lidera as estatísticas de violência contra defensores dos direitos humanos e ambientais, no segundo país que mais mata ativistas no mundo, e é marcado por atividades de garimpo ilegal, mineração predatória, grilagem e desmatamento. Sob a liderança de Barbalho, críticos questionaram a coerência de sua agenda ambiental, especialmente em temas como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, considerada uma contradição ao compromisso com a mitigação da crise climática, que exige a redução do uso de combustíveis fósseis. Além da já mencionada preocupação com a promoção do mercado de carbono no Pará.
A decisão de sediar a COP30 em Belém, capital do estado, também foi alvo de debate, pois coloca o Pará no centro das discussões climáticas globais, mesmo em um contexto local onde a defesa dos direitos socioambientais é constantemente desafiada por interesses do agronegócio e da mineração.
Não sabemos ainda qual será o resultado em Baku, mas algumas coisas seguirão e são esperadas em Belém. Os ativistas destacaram “a disparidade entre a imagem pública de Helder Barbalho como líder climático e as políticas locais que perpetuam um modelo excludente que desconsidera as vozes e os direitos daqueles que estão na linha de frente da defesa ambiental”.
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