A primeira vez que escutei a palavra “climatério” foi há muitas, muitas luas menstruais.
Naquele momento meu de retumbante existência adolescente, pensei: eca, puta palavrinha feia pra um lance ainda mais horroroso (que, naquele momento, eu achava que nunca chegaria, claro).
Na época, ninguém me explicou muito mais, e muito menos pintou um cenário positivo pra esse hipotético futuro cabeludo – que chegou.
E chegou com tudo, sem aviso ou vaselina, enquanto eu ainda estava tentando entender o manual básico das Cousas Menstruais.
O que é climatério?
Vamos começar pelo que não é climatério: ao contrário do que muita gente pode pensar, climatério não é sinônimo de menopausa. Aliás, pode começar muito antes e abarcar pessoas como você, amiga talvez desavisada da categoria 35-40+.
Essa palavrinha simpática (parente de clímax, que, no grego antigo, tanto significa auge como escada, momento crítico) se refere em realidade a todo o período de transição da fase reprodutiva à pós-menopausa na vida de uma mulher.
Esse período natural e fisiológico compreende três etapas principais: a perimenopausa (quando começam as mudanças, os sintomas, a sensação de oh-oh-o-que-está-acontecendo-comigo), a menopausa e a pós-menopausa, o período que sucede o fim da vida menstrual.
“Tô na menopausa” – mas não
Já ouviu aquele papo de “estou na menopausa”? Pois não é bem assim: o que faz sentido numa conversa coloquial também é fonte comum de confusão.
A menopausa na real não é um período, e, sim, um único dia – e um tanto arbitrário – na vida de uma mulher.
Corresponde exatamente ao dia depois de um ano sem menstruar, quando, clinicamente, se confirma o fim da perimenopausa e o início do resto de nossas vidas como maravilhosas pós-menopáusicas.
Ou seja, quando alguém diz “estou na menopausa”, na real está se referindo à pós-menopausa, o período depois do Dia da Menopa.
Quando começa e quanto tempo dura o climatério?
Segundo o site do Ministério da Saúde, o climatério tem início por volta dos 40 anos e pode se estender até os 65 anos. A média populacional seria mais ou menos dos 45 aos 55 anos.
Mas, saindo do manual, a verdade é que cada mulher é um mundo distinto. Há quem comece a sentir os primeiros sintomas de peri aos 35 e passe uns 10 anos nessa etapa. Outras só vão viver uma transição sintomática mais curta no fim dos 40 ou início dos 50.
Assim, talvez algumas xovens leitoras (de 35, 40) estejam neste momento agarrando-se à boia imaginária do foreeever young como eu fiz, enquanto começam a sentir que a menstruação começou a ficar louca e a cabeça, mais ainda.
Alterações no ciclo menstrual, excluídas outras razões, podem ser o principal sintoma inicial da perimenopausa. E não são poucas que comentam sentir alterações neurológicas nesta época, e com razão.
Por outro lado, sintomas como fogachos e calores noturnos são mais comuns na peri do que na pós-menopausa, quando tendem (muitas vezes) a desaparecer.
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Pra nos ajudar nessa transição, existem recursos, muitos, que não são só reposição hormonal. Falaremos mais sobre isso por aqui.
Quem dera eu tivesse tido a oportunidade de sentar comigo mesma, adolescente, e explicar tudo isso, entre um abraço e um sorriso cúmplice. E, sobretudo, dizer pra ela que a biologia é cascuda com a mulher, sim, mas que a gente pode mais – especialmente bem informadas, o principal ponto de partida.
Talvez seja coisa de sobrevivente oncológica; talvez o ser mulher, com uma vida inteira de ciclos profundos, cada mês o corpo, num esforço admirável, se preparando para gestar vidas. Mas, hoje em dia, a cada fogacho, a cada amnésia mental, e me cuidando da forma mais amorosa de que sou capaz, eu me repito: nessa jornada chamada vida, só se anda pra frente.
Bora juntas. <3
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