As novas tecnologias implementadas pelo sistema bancário podem transferir poder aos clientes. Além da melhora na experiência do usuário, que faz transferências com facilidade via Pix —tecnologia na qual o Brasil é pioneiro— há a perspectiva de melhor escolha de produtos, com a tecnologia do open finance. Esses foram alguns dos destaques no segundo painel da Lide Brazil Conference Lisboa, evento realizado por Lide, Folha e UOL, nesta sexta-feira (15), na capital portuguesa. .
Sandra Utsumi, diretora-executiva do Haitong Bank — empresa que surgiu quando o tradicional Banco Espírito Santo de Investimento, de Portugal, foi adquirido pela chinesa Haitong Securities S/A— falou dos bons índices de inclusão bancária no Brasil, mas disse que ainda há oportunidade para crescimento. “O índice brasileiro de inclusão bancária, de 86%, é alto na comparação com países emergentes. Mas em Portugal, por exemplo, chega a 95% — o que mostra que há espaço para uma melhora.”
Utsumi disse também que os clientes de países da União Bancária Europeia já desfrutam, graças à tecnologias “open finance”, do direito de escolha. Um correntista de Portugal pode escolher um produto financeiro da Áustria ou Alemanha, se o retorno e as condições forem melhores que em seu país de origem.
Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), organizou sua fala em torno de um panorama histórico dos bancos brasileiros. Segundo ele, as empresas foram capazes de se reinventar em três momentos-chave: o Real, em 1994, o derretimento das hipotecas em 2008 e a pandemia em 2020. “Nossos bancos mostraram resiliência e capacidade de inovação.”
“O Plano Real expôs a ineficiência dos que trabalhavam na nuvem da ciranda financeira. Emergiram dali bancos mais eficientes e mais sólidos”, disse Sidney. “Mostramos resiliência também na crise de 2008, quando vários bancos americanos foram tragados pelo arrastão global. Na pandemia, os bancos foram importantíssimos para capitalizar a economia.”
Paulo Henrique Costa, presidente do Banco do Nordeste (BNB), afirmou que os bancos enfrentam um desafio num país como o Brasil. “Somos um país que adota rapidamente novidades tecnológicas. Somos o segundo mercado mundial do Uber, do WhatsApp, do Facebook e do Instagram, e o terceiro do Netflix. Os bancos precisam correr atrás dessa sede de inovação e modernização”.
Para apoiar sua tese, Costa citou a elevada proporção de uso de internet (92,5%) pela população brasileira e de acesso a ativos financeiros através de celular pelos que têm conta bancária.
O português Jorge Henriques é o vice-presidente da diretoria da CIP. A antiga entidade industrial portuguesa hoje é chamada de Confederação Empresarial de Portugal, ao incorporar agentes econômicos de diversos setores, que somam 71% do PIB (produto interno bruto) do país. “Associações empresariais como a nossa agrupam tecnologias e áreas diferentes, e são essenciais no processo de internacionalização. Portugal é uma economia média na Europa, mas se agiganta com o intercâmbio e as alianças internacionais.”