Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) -O Banco do Brasil (BVMF:) revisou sua estimativa para provisões contra calotes em 2024, após crescimento de 34,2% nessa linha do balanço no terceiro trimestre, quando o banco reportou expansão de 8,3% no lucro, mas queda na rentabilidade.
O BB agora estima que as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) fiquem entre 34 bilhões e 37 bilhões de reais no ano, versus projeção anterior entre 31 bilhões e 34 bilhões. No terceiro trimestre, essa linha somou 10 bilhões, acumulando em nove meses 26,4 bilhões.
Na PCLD, houve um aumento de 26,9% na linha risco de crédito ano a ano, para 11,6 bilhões de reais, “explicado, principalmente, pela elevação da inadimplência no segmento agro”, segundo o banco, principal agentes financeiro do setor.
As perdas com imparidade também aumentaram em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a recuperação de crédito melhorou nessa base de comparação.
De acordo com o banco, a provisão do trimestre foi impactada por resolução de caso de cliente em recuperação judicial que impactou as linhas de recuperação de crédito e imparidade. O BB não citou o nome do cliente, mas outros bancos citaram que tiveram reversão de provisões relacionada a acordo envolvendo a Americanas (BVMF:) na divulgação dos balanços do terceiro trimestre.
A margem financeira bruta cresceu 9,3% ano a ano, para 25,9 bilhões de reais, com salto de 63,3% na margem com mercado e avanço de 1,1% na margem com clientes. A margem líquida, porém, encolheu 2,3% na comparação anual, a 15,8 bilhões de reais.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) passou para 21,1%, de 21,3% no terceiro trimestre de 2023 e 21,6% no trimestre imediatamente anterior.
O lucro líquido gerencial ajustado do BB somou 9,5 bilhões de reais, praticamente em linha com a média das expectativas compilada pela LSEG, de 9,4 bilhões de reais.
As receitas com prestação de serviços cresceram 4,9%, enquanto as despesas administrativas aumentaram 5% ano a ano, com o índice de eficiência acumulado em 12 meses marcando 25,4%, menor patamar histórico. O BB revisou seu guidance para despesas administrativas para alta de 5% a 7%, de 6% a 10% antes.
O índice de Basileia passou a 14,66%, de 16,24% um ano antes, e o de capital nível I ficou em 13,51%, de 14,64% no mesmo período do ano passado, com o capital principal caindo de 12,49% para 11,77% na comparação ano a ano.
CRÉDITO
A carteira de crédito ampliada total do BB cresceu 13%, para 1,2 trilhão de reais, com avanço de 7,9% em pessoa física, avanço de 13,5% em pessoa jurídica e de 13,7% na carteira ampliada agro. O banco manteve sua previsão de expansão de 8% a 12% para a carteira total em 2024.
O índice de inadimplência acima de 90 dias finalizou setembro em 3,33%, de 2,81% um ano antes e 3% no segundo trimestre. O índice de cobertura passou a 177,6%, de 199,1% no final do terceiro trimstre de 2023 e 191,3% nos três meses anteriores.
O BB também comunicou nesta quarta-feira que aprovou no último dia 11 remuneração complementar a acionistas, com a distribuição de 2,76 bilhões de reais em juros sobre capital próprio relativos ao terceiro trimestre. Os valores serão pagos em 6 de dezembro, com base na posição acionária de 25 de novembro.
O BB realizará teleconferência com analistas na quinta-feira, às 10h.
(Por Paula Arend Laier e Andre Romani, edição Alberto Alerigi Jr. e Pedro Fonseca)