SÃO PAULO (Reuters) – A ArcelorMittal inaugurou nesta quarta-feira uma nova linha de produção de aços especiais em sua usina em Santa Catarina, um projeto de 2 bilhões de reais que amplia a capacidade de produção da instalação focada no atendimento à indústria automotiva e setores que incluem o agronegócio e energia solar.
Com a nova linha de galvanização e recozimento contínuo, a capacidade da usina Vega da ArcelorMittal em São Francisco do Sul (SC) foi ampliada em 37,5%, para 2,2 milhões de toneladas por ano. A nova linha é a terceira de galvanização da usina e já está em operação desde maio em fase de ampliação de produção.
Os novos equipamentos são parte de um pacote de investimento de 25 bilhões de reais a serem aplicados pela ArcelorMittal no Brasil entre 2021 e 2028, dos quais pouco mais da metade já foram desembolsados, disse o vice-presidente de operações da ArcelorMittal Aços Planos Brasil, Jorge Adelino.
O investimento é inaugurado em um momento em que o setor automotivo brasileiro tem surpreendido. Em outubro, o Brasil superou a Alemanha entre os maiores mercados mundiais de veículos, ficando na quinta posição no ranking global de venda de novos, segundo dados da associação de montadoras Anfavea.
Acontece também em meio à falta de capacidade do Brasil, maior exportador de do mundo, de armazenar sua produção em silos, um dos alvos do investimento da ArcelorMittal na nova linha.
O investimento em Vega vai permitir à companhia produzir o aço patenteado da empresa Magnelis, que, segundo a ArcelorMittal, tem uma proteção contra corrosão que é capaz de “se regenerar” ao ser danificado. Usado em produtos como paineis solares, silos e linha branca, o Magnelis é importado pela ArcelorMittal no Brasil desde 2020, um ano antes da companhia ter iniciado a construção da nova linha.
“O volume (de vendas) não é muito grande ainda, mas com a oferta local a gente pretende crescer muito”, disse o vice-presidente comercial da ArcelorMittal Aços Planos no Brasil, Eduardo Zanotti, sem dar detalhes e citando que o Magnelis carrega um prêmio de preço ante aço galvanizado tradicional pelo elevado grau de proteção contra corrosão.
O Brasil é o primeiro mercado fora da Europa em que a ArcelorMittal produz o Magnelis. A unidade brasileira também é a única do grupo a produzir aço galvanizado na América Latina.
O investimento da ArcelorMittal faz parte de um grande ciclo de aportes do setor siderúrgico brasileiro nos últimos anos que incluiu uma nova capacidade de laminação de bobinas a quente da Gerdau (BVMF:), que deve começar a produzir no início do próximo ano, e reforma do maior alto-forno da Usiminas (BVMF:), ambos em Minas Gerais.
Esse ciclo ocorreu em meio a fortes importações do Brasil de aço produzido na China, com o segmento de galvanizados, onde a indústria nacional tem a capacidade mais restrita, sendo um dos mais atingidos.
Segundo dados da associação de siderúrgicas Brasil, a importação de aço revestido pelo Brasil de janeiro a outubro acumulou alta de 17% sobre um ano antes, a 1,23 milhão de toneladas, apesar do avanço do contra o real e de medidas de proteção comercial tomadas pelo governo federal em meados do ano.
“O mercado (brasileiro) tem demandado bastante aço revestido… Com o tempo, as medidas vão surgir efeito”, disse Zanotti. O executivo citou que números preliminares de importações de outubro e novembro pelo Brasil seguem elevados, mas “com pequena queda sobre setembro”.
(Por Alberto Alerigi Jr.; )