A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado Federal aprovou nesta terça (12) requerimentos para que os jogadores Luiz Henrique, do Botafogo, e Bruno Henrique, do Flamengo, falem sobre as suspeitas de irregularidades com apostas.
As datas dos depoimentos ainda não foram definidas. No caso do jogador do Botafogo o comparecimento é obrigatório porque foi aprovada uma convocação. Bruno Henrique foi convidado e pode optar por não comparecer à CPI.
Os dois são alvos de investigações sobre irregularidades em apostas.
A defesa de Bruno Henrique disse em nota que o atleta “tem uma carreira vitoriosa moldada por ética e correção” e negou participação do jogador em qualquer ilegalidade leia mais abaixo).
Como revelou a Folha, Luiz Henrique é investigado na Espanha por suspeita de envolvimento em uma suposta “organização criminosa dedicada à manipulação de resultados nas apostas desportivas”.
Em documento do Ministério da Justiça, Luiz Henrique é atrelado ao empresário Bruno Lopez de Moura, apontado como chefe da quadrilha de manipulação de resultados que gerou a Operação Penalidade Máxima.
Moura atuaria, de acordo com as acusações do Ministério Público de Goiás, como intermediário entre os apostadores e os jogadores, remunerando-os para que manipulassem resultados recebendo cartões amarelos propositais, por exemplo. Nas duas primeiras fases da operação, 15 atletas foram denunciados, a maioria deles de times pequenos e médios do futebol brasileiro.
Bruno Henrique, por sua vez, foi alvo de uma operação da Polícia Federal e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), da Promotoria do Distrito Federal, na terça-feira (5), que apura possível manipulação de cartões para beneficiar apostadores esportivos.
O jogador é investigado por um cartão amarelo que recebeu aos 50 minutos do segundo tempo da partida entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023.
O jogo foi disputado no Mané Garrincha, em Brasília, por isso a investigação é pela Promotoria do Distrito Federal em conjunto com a Polícia Federal, que entrou no caso por ser um jogo de primeira divisão.
No lance, o atleta Soteldo, então no Santos, está perto da bandeirinha de escanteio e arrisca um drible sobre Bruno Henrique. O jogador rubro-negro tenta pará-lo, e o árbitro Rafael Rodrigo Klein marca falta.
Depois do amarelo, Bruno Henrique recebeu cartão vermelho direto por reclamação. O Santos venceu por 2 a 1.
O relatório que deu origem à operação aponta retornos totais de R$ 13.850 em apostas de três casas diferentes para que o jogador tomasse o cartão.
A informação consta em um relatório da Ibia (International Betting Integrity Association), contratada pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), que repassou a denúncia somente em 29 de julho de 2024 à CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
De acordo com esse relatório, um “operador” teve aproximadamente R$ 6,1 mil de retorno na Betano, outro levou R$ 4,7 mil na GaleraBet e um terceiro obteve R$ 3.050 na KTO. O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que analisou e arquivou o caso, considerou os valores “ínfimos” quando comparados ao salário do atleta.
Procurada no fim de outubro para falar sobre as acusações, a assessoria de Luiz Henrique não quis comentar.
Já a defesa de Bruno Henrique afirmou que entrou com pedido para arquivamento das investigações e análise das informações que foram fornecidas pelas três casas de apostas mencionadas no processo à Ibia. “Nem a Polícia Federal nem o Ministério Público procuraram aferir se o método técnico-científico para a produção e extração dos dados que baseiam a denúncia foi devidamente observado.”