A equipe do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, analisou três espaços em Manaus e em cidades próximas para uma visita do chefe do Executivo norte-americano, cujo desembarque na capital do Amazonas está previsto para o próximo domingo (17).
A viagem está cercada de medidas de segurança e de segredo sobre a agenda de Biden. Ele será o primeiro presidente dos Estados Unidos a visitar essa região amazônica, segundo a divulgação feita pela embaixada do país no Brasil.
Assessores de Biden manifestaram interesse em três espaços, segundo fontes ouvidas pela Folha e que estão a par das tratativas feitas: o Musa (Museu da Amazônia), um dos principais pontos turísticos de Manaus e um respiro verde na cidade de 2 milhões de moradores; o porto de Iranduba (AM), a 40 km de Manaus; e Novo Airão (AM), onde está o arquipélago fluvial de Anavilhanas.
A ideia avaliada é que Biden use um desses espaços para gravar um vídeo com uma mensagem sobre a amazônia.
A embaixada dos Estados Unidos no Brasil não diz se um desses lugares foi escolhido, ou qual foi escolhido, ou mesmo se o presidente norte-americano estará em um dos espaços analisados. Não houve, até o momento, divulgação da agenda da visita.
Equipes do Musa, um espaço de pesquisa científica, dizem que as tratativas sobre eventual visita são mantidas em segredo.
A viagem de Biden à Amazônia tem previsão de ser curta. A chegada ao aeroporto em Manaus está prevista para o fim da manhã de domingo. O presidente seguiria depois para um espaço de floresta, ainda mantido em segredo.
Há previsão ainda de encontro com lideranças indígenas. Também há segredo sobre esse encontro. Organizações indígenas não têm conhecimento sobre quem estará com o presidente dos Estados Unidos.
O Musa é uma parte verde em Manaus. A cidade é pouco arborizada e se configura numa mancha urbana encravada na floresta amazônica.
O museu ocupa 100 hectares da reserva florestal Adolpho Ducke, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). É um dos poucos lugares em Manaus onde turistas podem ter contato com a floresta. Há, no Musa, uma torre de 42 metros para observação das copas das árvores. Diversos grupos de pesquisa atuam no museu.
Já o porto de Iranduba, cidade acessível por rodovia, fica no rio Solimões, cujas águas se encontram com as do rio Negro mais à frente, na altura de Manaus.
O arquipélago fluvial de Anavilhanas, entre Manaus e Novo Airão, tem mais de 400 ilhas e 60 lagos, no curso do rio Negro. Segundo técnicos do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que administra o Parque Nacional de Anavilhanas, é o segundo maior arquipélago do tipo no mundo.
Espaços do Inpa em Manaus, onde também há áreas verdes abertas à visitação, foram sondados, mas, a princípio, não devem receber o presidente norte-americano.
Para a chegada de Biden ao aeroporto em Manaus, serão credenciados profissionais de imprensa que atuam com foto e vídeo. “Esta visita histórica marca a primeira vez que um presidente norte-americano desembarca na cidade, destacando o compromisso com a proteção ambiental e o respeito às culturas locais”, disse a embaixada dos Estados Unidos no país.
Segundo a embaixada, haverá checagem dos equipamentos de fotógrafos e cinegrafistas, além dos procedimentos de segurança habituais do aeroporto. O acesso ao pátio de aeronaves deve ser feito com o uso de sapatos fechados e sem salto, conforme a representação diplomática no Brasil.
Um avião cargueiro da Força Aérea dos Estados Unidos já pousou no aeroporto de Manaus para fornecimento de suprimentos logísticos de apoio à visita do presidente.
Até esta terça-feira (12), havia indefinição sobre quem acompanhará Biden na visita à região amazônica.
O norte-americano seguirá para o Rio, para a cúpula do G20, da qual o Brasil é anfitrião. A cúpula ocorrerá nos dias 18 e 19, e há previsão de uma reunião bilateral entre Biden e o presidente Lula (PT). Em Manaus, não há confirmação, até agora, sobre presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) ou da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede).
No dia 7, a Casa Branca confirmou que Biden estará na reunião da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), em Lima no Peru, que ocorre entre os dias 13 e 15; em Manaus, no dia 17; e na cúpula do G20, realizada nos dois dias seguintes.
A viagem do presidente norte-americano ocorrerá dias depois da vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris, vice-presidente, nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Deve ser um dos últimos compromissos internacionais de Biden antes do fim do mandato em 20 de janeiro de 2025.
A relação entre o Brasil e os EUA deve passar por mudanças com a vitória de Trump —Lula havia dito que torcia por Kamala e chegou a sugerir que a volta do ex-presidente ao poder nos EUA seria “nazismo com outra cara“.
Após a eleição, o presidente brasileiro disse que Trump tem de pensar como um habitante do mundo, quando questionado sobre a possibilidade de o presidente eleito deixar o Acordo de Paris –um acordo entre países, no âmbito da ONU (Organização das Nações Unidas), para redução de emissões de gases de efeito estufa, de forma a evitar elevação da temperatura superior a 1,5°C.
“E se ele pensa como o governante do país mais importante, mais rico do mundo, que tem mais tecnologia e que é melhor preparado do ponto de vista bélico, ele tem de ter a noção de que os Estados Unidos estão no mesmo planeta que eu estou —e que uma ilha de 300 mil habitantes”, disse.