Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – As units do BTG Pactual (BVMF:) recuavam nesta terça-feira, mesmo após o maior banco de investimentos do país divulgar lucro líquido recorde no terceiro trimestre e com o presidente-executivo, Roberto Sallouti, apontando continuidade no crescimento em 2025.
“Eu acredito que podemos continuar a ver alguma expansão no próximo ano”, afirmou o CEO, destacando que o banco se beneficia em um ambiente de taxas mais altas em razão do efeito de juros sobre o capital, embora possa enfrentar mais dificuldade em algumas franquias.
“E se formos capazes de fazer o ajuste fiscal que precisamos fazer no Brasil e os mercados reprecificarem um cenário melhor, acho que isso beneficiaria muito nossos negócios”, acrescentou em teleconferência com analistas sobre o balanço.
No terceiro trimestre, o BTG teve um lucro líquido ajustado de 3,2 bilhões de reais, expansão de 17% ano a ano, acumulando em 2024 um lucro de 9 bilhões de reais, expansão de 19,5%. As receitas totais somaram 6,4 bilhões de reais e o retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) anualizado avançou para 23,5%.
Por volta de 12:50, as units do BTG recuavam 1,79%, a 33 reais, depois de terem avançado 2% no começo do pregão e fechado com alta de mais de 3% na véspera. O rondava a estabilidade.
Analistas avaliaram que o banco reportou um resultado robusto, apesar do cenário desafiador.
“No geral, o BTG apresentou outro trimestre forte com crescimento sólido da receita e ROE expandindo 100 bps em relação ao trimestre anterior para 23,5%”, destacou a equipe do Goldman Sachs (NYSE:) liderada por Tito Labarta, conforme relatório enviado a clientes.
Na visão de analistas do Itaú (BVMF:) capitaneados por Pedro Leduc, o fato de o BTG mencionar que os resultados são totalmente recorrentes e fruto de ganhos de participação de mercado torna o banco “um outlier positivo nesta temporada com condições comerciais mais difíceis”.
“Mais um trimestre sólido do BTG, entregando ROE forte em meio a um ambiente desafiador”, reforçaram analistas do Citi liderados por Gabriel Gusan.
RECEITAS SÓLIDAS
Houve expansão em praticamente todas as linhas de receitas do balanço, com uma das exceções sendo a divisão de investment banking, com queda de 36% ano a ano e de 32% na comparação trimestral, afetada pelo forte desempenho de receitas com operações no mercado de crédito (DCM) nos trimestres anteriores.
De acordo com o CFO do BTG, Renato Cohn, apesar de menor, o resultado teve uma sólida contribuição das atividades de fusões e aquisições (M&A). “E nós esperamos que isso continuará a dar uma boa contribuição para nossa receita de investment banking”, acrescentou na teleconferência.
Em asset management, onde o banco apurou receita recorde de 606,4 milhões de reais na divisão no terceiro trimestre, alta de 30% em relação ao mesmo período do ano passado e de 11% frente ao segundo trimestre, com captação de 30,6 bilhões de reais, Sallouti afirmou que o BTG continuará a acelerar a área.
Na divisão de sales & trading, onde a receita somou 1,67 bilhão de reais, com alta de 15% ano a ano e de 21% no trimestre, a expectativa do BTG é de que continuidade do crescimento, mas os executivos ponderaram que o desempenho também depende da atividade do mercado.
“E, principalmente no Brasil, o mercado está muito difícil e está difícil ganhar participação de mercado porque o mercado não está crescendo e isso é bastante difícil”, afirmou o CEO do BTG. “Mas estamos tranquilos ainda que continuaremos a ver crescimento”, reforçou.
Ainda houve expansão nas receitas de corporate lending & business banking, de 29% ano a ano e 12% no trimestre, e em wealth management & consumer banking, de 27% e 8%, respectivamente.
BANCO PAN
Questionado sobre a possibilidade de fechamento do capital do banco PAN, controlado pelo BTG, Sallouti afirmou que é sempre uma opção, que provavelmente haveria alguns ganhos de alavancagem operacional, em custos, especialmente aqueles relacionados a empresas listadas, e alguma simplificação.
Mas ressaltou que “não há nada acontecendo” nesse sentido agora e que é algo que tem que acontecer no momento certo e no preço certo. “Isso é algo que não está sendo considerado agora. Pode acontecer, mas acho que depende dos preços de mercado e do desejo, especialmente dos acionistas minoritários”.