Donald Trump experienciou uma vitória massiva nas eleições dos Estados Unidos. Apesar de a contagem final ainda não ter terminado em alguns estados, principalmente por conta dos votos que chegam por correio, os republicanos já ganharam a Presidência e o Senado e lideram a disputa pelo controle da Câmara.
Após as eleições municipais no Brasil, diversos analistas políticos e atores partidários fizeram um balanço sobre os resultados. Em meio à miríade de diferentes opiniões, destaca-se o debate em torno de qual deve ser o papel do progressismo. Enquanto alguns argumentam que deve haver um movimento mais ao centro, outros apostam na fidelidade aos valores e em uma guinada mais à esquerda.
No entanto, o debate sobre o futuro do campo progressista não deveria se dar em torno da agenda de valores, mas principalmente sobre a forma de comunicação. A direita aprendeu a se comunicar de forma popular e usar as redes sociais como instrumento para alcançar um grande número de pessoas. Na democracia, essa combinação é bastante poderosa.
Nas redes sociais analisadas pela Palver, as menções a Donald Trump atingiram o pico na quarta-feira (6), quando já se sabia que ele ocuparia a posição de 47º presidente dos Estados Unidos. Nos grupos públicos de WhatsApp, destaca-se o volume de menções quase 3 vezes superior às de Lula e 4 vezes maior do que as de Bolsonaro, ainda que com o filtro de país considerando apenas os grupos brasileiros.
Nos grupos de direita, a linha mais intensa de mensagens é de caráter vingativo com relação aos políticos, instituições e lideranças brasileiras. Um dos vídeos que circulam nos grupos de mensageria afirma que Elon Musk fez uma postagem fazendo alusão à prisão de Alexandre de Moraes. O contexto dá a entender que o movimento teria ocorrido após a vitória de Donald Trump, alimentando, portanto, expectativa de possíveis novos desdobramentos. No entanto, trata-se de uma postagem feita em agosto de 2024.
Essa mesma tática é prevalecente nos grupos de mensageria. A grande maioria das postagens tem conteúdo descontextualizado ou antigo e que ganha nova vida após a eleição de Trump. Há muita expectativa na direita brasileira de que Trump use seu novo mandato para enaltecer Bolsonaro e seus apoiadores.
Em um dos vídeos, o jornalista Alexandre Garcia levanta a possibilidade de Bolsonaro receber um passaporte especial de Donald Trump para a cerimônia de posse e questiona qual seria a reação do Judiciário brasileiro nesse caso. Além disso, afirma que Trump “já está falando em processar o Bill Gates por causa de vacinas”.
Na mesma linha, o ex-deputado Deltan Dallagnol gravou um vídeo no Youtube cuja legenda é “Com Trump e Musk no poder, Alexandre de Moraes acabará na cadeia?”. Esse foi o vídeo mais popular da conta de Dallagnol no último mês. Para aumentar o engajamento, esse tipo de conteúdo traz um apelo sensacionalista e deslocado da realidade, mas que inflama a base de apoiadores.
Nesses dois exemplos, é possível identificar que os vídeos procuram apresentar o desejo já existente de uma parcela da população com estratégias retóricas e uso dos algoritmos das redes sociais para um maior alcance e engajamento.
Nos grupos de mensageria mais ligados à esquerda, uma das mensagens que mais circulou foi dizendo “a filha trans de Elon Musk diz que deixará os EUA após a vitória de Trump”. Há, ainda, vídeos com análises políticas apontando que o cenário em 2026 no Brasil vai depender das decisões judiciais acerca do futuro político do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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