A investigação do DHPP (divisão de homicídios da Polícia Civil) sobre o assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, no aeroporto internacional de Guarulhos, na tarde desta sexta-feira (8), começa com algumas certezas: o grupo criminoso tinha treinamento especial e contava com informações privilegiadas.
Policiais ouvidos pela Folha que participam da investigação afirmaram que o número de interessados na morte Gritzbach era grande e, por isso, o crime não causou nenhuma surpresa. Ele era suspeito de ter mandado matar dois integrantes da facção PCC e também fechou um acordo de delação premiada com a Justiça.
O que fugiu completamente do esperado, segundo os investigadores, foi o local escolhido para o ataque.
Na avaliação dos investigadores, a escolha do local para o ataque surpreende por se tratar de um ponto de concentração de forças de segurança, como policiais civis, federais, militares e guardas municipais, além de monitoramento por diversas câmeras, nos trechos de acesso e no terminal.
Por isso, os policiais afirmam ter absoluta certeza de que os criminosos tinham informações privilegiadas de como seria a situação de Gritzbach no terminal 2. Só não sabem quem repassou as informações. O ataque não foi, assim, uma situação acidental ou de oportunidade, muito menos operada por amadores.
Analisando todas as imagens já obtidas, as equipes de investigação também afirmam ter segurança de que os atiradores são pessoas com “treinamento operacional”, acostumadas a realizar disparos com fuzil 7.62, uma arma geralmente utilizada por atiradores de elite e equipes de assalto especializadas.
Até forma como o grupo avançou no momento do ataque reforça a tese do treinamento, ainda segundo a avaliação das imagens. Os criminosos foram em direção à vítima com o propósito de matar e, usando a versão rajada da arma, provocar intimidação de qualquer oponente.
Prova disso, ainda segundo eles, é que um guarda municipal que estava próximo não teve condições de reagir. Esse funcionário da Prefeitura de Guarulhos agiu corretamente, na avaliação da polícia, porque estaria morto neste momento caso tivesse se colocado na frente do grupo.
As equipes de investigação também apontam como situação muita atípica, até certo ponto suspeita, a falha da equipe de segurança que acompanhava a vítima. Dos cinco policiais que deveriam estar em torno dela, apenas um deles estava próximo na hora do ataque, outro mais distante, e nenhum deles reagiu.
Três policiais desses policiais de escolta não estavam no local do crime porque, segundo eles, o carro utilizado pela equipe quebrou e, por isso, não conseguiram se aproximar. Os PMs foram ouvidos pelas equipes do DHPP para explicar o ocorrido, e todos tiveram os celulares apreendidos.
Integrantes da Polícia Civil afirma ter convicção de que se o trabalho dos PMs tivesse ocorrido como era esperado, Gritzbach estaria vivo ou o número de mortos no confronto seria muito maior, porque os PMs da escolta são integrantes de equipes de Força Tática, e, assim, preparados ações letais.
A Folha não publica o nome dos policiais envolvidos no caso porque não há nenhuma prova da participação deles no crime, apenas circunstâncias que estão sendo investigadas. O comando da PM colocou os policiais de atividades administrativas.
Policiais ouvidos pela reportagem também afirmaram que, embora o número de interessados no fim do empresário seja de fato muito grande, já há uma lista de suspeitos prioritários e com a possibilidade de ocorrer prisões no decorrer dos próximos dias.
As equipes do DHPP aguardavam relatórios da perícia, entre eles do que foi encontrado no carro abandonado pelos criminosos durante a fuga, como digitais ou fragmentos para coleta de DNA. Acredita-se que pelo menos cinco criminosos participaram da ação.
O esclarecimento desse caso está sendo tratado como prioridade pela Polícia Civil, até por estar acompanhado por um pedido do próprio governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o próprio declarou em entrevista.