Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) – O Magazine Luiza (BVMF:) teve lucro líquido de 102 milhões de reais no terceiro trimestre, revertendo resultado negativo de quase meio bilhão de reais um ano antes, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira, com números maiores do que a expectativa média do mercado.
O resultado é mais que quatro vezes maior que o lucro do segundo trimestre e também ficou acima do desempenho positivo de 27,8 milhões de reais apurado nos primeiros três meses do ano.
“Desde o final do ano passado a gente se preparou, tem se preparado, para dar lucro independente do CDI”, afirmou o diretor financeiro do Magazine Luiza, Roberto Bellissimo Rodrigues, à Reuters. “Nossa estratégia é se tornar mais resiliente, mais diversificado, menos cíclico e ter resultados positivos cada vez maiores, independente da Selic.”
Os números da empresa foram divulgados um dia depois que o Banco Central aumentou a taxa básica de juros da economia em 0,5 ponto percentual, para 11,25% em decisão unânime.
Rodrigues afirmou que a empresa tem focado em uma estratégia para expansão do comércio eletrônico, com consolidação de sua liderança em compras de valores mais altos, mais sensíveis à taxa de juros e que, consequentemente, estão crescendo menos, e diversificação em tickets médios menores, mais aquecidos.
“A gente está contornando essa situação (de juros elevados) esse ano e vai continuar a contornar juros mais altos no ano que vem também”, afirmou Rodrigues.
O executivo destacou o que chamou de “quatro pilares de geração de resultado” do Magazine Luiza: Magalu Bank, de serviços financeiros; Magalu Ads, de mídia de varejo e conteúdo; Magalu Cloud, de tecnologia; e Magalog, a empresa de logística.
Segundo ele, a consolidação desse “ecossistema” deve ocorrer em 2025. “Vai fazer o Magalu muito mais resiliente, muito menos volátil, muito menos dependente da taxa de juros e dos ciclos macroeconômicos.”
No terceiro trimestre, o Magazine Luiza começou a vender produtos da antiga rival chinesa Aliexpress em sua plataforma, o que deu mais força a empresa nos produtos abaixo de 1.000 reais, e organizou suas iniciativas de logística em uma única empresa com faturamento de 3 bilhões de reais e 21 centros de distribuição pelo país.
Em termos ajustados, o lucro líquido da varejista no trimestre encerrado em setembro foi de 70 milhões de reais, versus prejuízo de 143 milhões na mesma etapa de 2023. Analistas, em média, esperavam lucro líquido de cerca de 33 milhões para o Magazine Luiza no período, segundo dados da Lseg.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado expandiu 47,2%, para 717,6 milhões de reais, ante expectativa média do mercado de 663 milhões. A margem passou de 5,7% para 8%.
As vendas totais do grupo, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio e marketplace, cresceram 4,5% em base anual, para 15,5 bilhões de reais, elevando a receita líquida a 9 bilhões de reais (+4,9% ano a ano).
Na base mesmas lojas, um importante indicador de movimentação do varejo, as vendas das lojas físicas do Magazine Luiza subiram 15,2% ante alta de 2,9% no terceiro trimestre de 2023. Enquanto isso, a participação das vendas online no total comercializado caiu a 70,9% de 73,2%.
A companhia terminou setembro com 1.245 lojas, 58 pontos de venda a menos que um ano antes.
As despesas operacionais do Magalu tiveram uma redução de 0,9 ponto sobre o percentual da receita no terceiro trimestre, com diluições tanto nas despesas com vendas quanto despesas gerais e administrativas.
As provisões para perdas em crédito de liquidação duvidosa do Magalu somaram 115 milhões de reais no trimestre, chegando a 344 milhões no acumulado dos primeiros nove meses de 2024.