Um SRPG com mecânicas muito interessantes, que associadas ao estilo artístico da Vanillaware alcança um forte apelo. No entanto, a duração poderá causar cansaço sobre essas mesmas mecânicas e conceitos
Unicorn Overlord é a mais recente forma da japonesa Vanillaware evidenciar o quão especial se tornou para os mais acérrimos adeptos das experiências japonesas, aqueles que adoram tanto as produções nipónicas que vão além da montra quando terminam os jogos que lá são colocados. Seja 13 Sentinels, Odin Sphere, Dragon’s Crown ou Muramasa, ainda não joguei um esforço Vanillaware que me arrependa de jogar e o melhor de tudo é a forma como não se prende a um conceito específico e vai explorando os vários tipos de gameplay RPG.
Depois de RPGs de ação, a produtora surpreende com 13 Sentinels. Agora, volta a fazer o mesmo com Unicorn Overlord, a sua interpretação dos SRPGs. Aqui, a Atlus não quer inventar a roda, recorre aos principais conceitos no intemporal gameplay dos RPGs de estratégia, mas surpreende ao introduzir as suas próprias ideias. Sinceramente, fui totalmente surpreendido por Unicorn Overlord pois é muito mais do que um clone de Fire Emblem e outros títulos similares, é um jogo no qual foram introduzidas muitas boas ideias, numa experiência envolvente construída a partir de bases já conhecidas.
Unicorn Overlord é uma espécie de olhar rejuvenescido aos SRPGs japoneses, uma fantasia tática na qual terás de liderar a Rebelião que Alain inicia para recuperar o trono que lhe foi roubado. É uma mega trama de fantasia medieval, com imensas reviravoltas e acontecimentos inesperados. É mais um grande esforço da Vanillaware para apresentar tramas extensas e profundas, algo que se torna impressionante com as mais de 60 personagens que surgem na jornada, mas mais ainda com a possibilidade das tuas escolhas mudarem acontecimentos futuros.
Na sua jornada para libertar os reinos da opressão, Alain derrotará inimigos que podes salvar e tornar teus aliados, mas também os podes matar. Isto terá impacto nos acontecimentos futuros e a Vanillaware faz questão de to mostrar. Até mesmo um bandido cuja vida ficará à tua mercê poderá surpreender-te se o deixares ir em liberdade.
Esta epopeia medieval decorre em duas fases distintas: uma na qual navegas pelo mapa mundo (criado com sprites e a relembrar os jogos da segunda metade da década de 90), e outra na qual decorrem as grandes batalhas, onde das ordens às tuas unidades que combatem automaticamente de acordo com as tuas indicações.
Na primeira fase, podes passear pelos locais e encontrar recursos que ajudam as cidades a recuperar o brilho, encontras personagens com missões secundárias e locais com itens ou segredos. Em diversas partes do mapa, encontrarás personagens que te permitem descobrir imensas novas histórias opcionais e tal como a campanha principal, muitas conduzem para a outra metade do ciclo gameplay, as fases de combates.
Aqui transitas para uma versão do mapa preparada especificamente para o controlo das unidades. Tens de criar unidades cujo número de personagens aumenta se quiseres investir o recurso necessário para isso, mas terás de ter em conta o sistema de vantagens entre classes, à semelhança de Fire Emblem. O objetivo final envolve na maioria dos casos enfrentar uma última unidade mais poderosa, mas encontrarás diversos confrontos ao estilo “mini-boss” e estás constantemente a ser desafiado de forma dinâmica para ajustar a tática e controlar o movimento das unidades.
Como um treinador que prepara tudo e depois fica a ver os jogadores e executar as táticas
Uma vez que apenas podes assistir aos combates e não controlá-los, terás de escolher bem as personagens em cada unidade, ler bem as informações das suas habilidades e as suas principais vantagens, para criar uma boa simbiose entre lutadores. É importante passar tempo nos menus a ler as informações e a profundidade deste sistema da Vanillaware torna tudo muito gratificante. Unicorn Overlord permite-te definir parâmetros com tamanha especificidade que não controlas as batalhas, mas parece que sim. Podes definir as habilidades que a personagem usa, em quem as usa, as condicionantes para o momento do uso e inúmeros outros exemplos de parâmetros ao teu dispor. É mesmo exaustivo e completo.
O melhor de tudo é que a brilhante estética Vanillaware torna atrativo assistir aos combates. Passear pelo mapa mundo também é algo envolto em forte charme, tal foi a mestria da produtora para a arte visual global. Além disto, devo dizer que fiquei totalmente rendido ao quão refinada é a experiência.
Apesar de existirem imensos menus, a profundidade do sistema de ordens e claro, as especificidades de um lá experiência tática na qual tens tempo para derrotar o boss final dessa cena, a Vanillaware afinou tudo muito bem. A velocidade do movimento, navegação nos menus, interface e tudo o mais revela que foram testadas exaustivamente para tornar o mais gratificante possível a experiência de quem o joga.
Esta experiência de fantasia revela uma abordagem inovadora ao sistema de combates dos SRPGs, ao remover por completo a interatividade nestes momentos, para se focar em toda a gestão envolvente. É uma ideia arrojada e que acaba por resultar pois serás na mesma aliciado a mergulhar de pés e cabeça na gestão das unidades para preparar bem o que podem fazer antes de entrarem nos combates. Unicorn Overlord ostenta uma impressionante profundidade e o mais surpreendente é precisamente conseguir isso sem te permitir controlar os combates.
Conclusão
Com Unicorn Overlord, a Vanillaware apresenta mais uma proposta fantástica na qual combina o seu característico traço visual com uma experiência de estratégia e gestão. Ao remover o foco do combate em si, a produtora consegue introduzir o seu cunho pessoal num género já repleto de qualidade, o que aliado ao design de exploração, progressão, histórias secundárias e enredo geral fazem de Unicorn Overlord o melhor jogo jamais feito pela Vanillaware.
Prós: | Contras: |
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