A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira (6) que o mundo vai trabalhar para que não haja nenhum tipo de retrocesso na área ambiental, após a vitória do republicano Donald Trump, conhecido por seu negacionismo ambiental.
“Estamos trabalhando com todo afinco e, obviamente, o mundo vai buscar que nenhum país promova qualquer tipo de retrocesso. Nós estamos trabalhando para evitar o ponto de não retorno em relação ao clima. Mas nós queremos que não haja qualquer retrocesso, qualquer retorno ao passado daquilo que nós já avançamos em relação aos compromissos e à governança climática global”, afirmou.
Marina ainda acrescentou que os Estados Unidos, como segundo maior emissor de gases na atmosfera (atrás apenas da China), têm responsabilidades que precisam ser cumpridas.
“Os demais países vão ter que trabalhar dobrado por um país que eventualmente não queira fazer a sua parte?”, questiona a ministra, ao ser perguntada diretamente sobre o impacto da eleição de Trump na luta contra a mudança climática.
Marina participou nesta quarta-feira (6) de evento para a divulgação dos dados de desmatamento na amazônia e no cerrado. Após a cerimônia, ela comentou a vitória de Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Em seu primeiro mandato, Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, compromisso internacional firmado em 2015 para limitar o aquecimento global. O país voltou a integrar o acordo em 2021, durante o governo do democrata Joe Biden.
A ministra brasileira evitou inicialmente traçar um cenário mais problemático. Disse que o mundo hoje conta com uma governança climática muito forte. E citou o exemplo dos avanços durante o mandato do também republicano George W. Bush, que se manifestava contrário a discussões sobre biodiversidade e mudança climática.
Marina Silva também buscou minimizar problemas, ressaltando que o pacto federativo dos Estados Unidos dá muita liberdade para que os estados adotem suas próprias medidas e assumam compromissos.
Ao ser questionada novamente, a ministra então respondeu que os Estados Unidos têm compromissos a serem cumpridos. E então declarou que haverá um trabalho integrado no mundo para que não haja retrocessos.
“Mesmo em períodos muito difíceis, o esforço climático conseguiu avançar. Agora nós estamos vivendo um momento limite, porque não há mais espaço para atropelar absolutamente nada com tudo o que está acontecendo. E o segundo maior emissor do mundo tem responsabilidades muito grandes em um processo de enfrentamento de redução de emissão de CO2“, afirmou a ministra.
Marina ainda disse acreditar que as tragédias climáticas recentes nos Estados Unidos, como a ocorrência de furacões devastadores, vão aumentar a pressão da população sobre os governantes.
“É um dado de realidade que cada vez mais as pessoas vão cobrar essa conta de seus governantes, independentemente de posição ideológica. Afinal de contas são as suas vidas que estão sendo perdidas, o seu patrimônio que está sendo comprometido”, acrescentou.
Marina Silva também reforçou que o presidente Lula mantém o compromisso de definir até o final do ano a chamada NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), a meta de redução das emissões apresentada por cada país no Acordo de Paris.
Os países têm até fevereiro do próximo ano para definirem os seus índices, que deverão ser perseguidos até 2035.
O Brasil busca apresentar seu documento ainda neste ano, por sediar em 2025 a COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém.
“O presidente tem esse compromisso de que Brasil vai apresentar a NDC ainda neste ano porque queremos liderar pelo exemplo”, afirmou a ministra.
Lula teve uma reunião com ministros nesta quarta-feira para tratar da NDC. Marina Silva afirma que um novo encontro será realizado na sexta-feira (8).