Farmácias em São Paulo estão sem estoque de Rivotril (clonazepam) na dosagem de 0,5 mg.
Em comunicado publicado em seu site, a Blanver Farmoquímica e Farmacêutica, atual detentora da patente, anunciou a descontinuação do medicamento nas seguintes versões: Rivotril 0,5 mg (apresentações com 20 e 30 comprimidos); e Rivotril 2 mg (apresentação com 20 comprimidos).
“Aproveitamos para esclarecer que todas as demais apresentações do medicamento, descritas a seguir, permanecem disponíveis. Rivotril 2 mg (apresentação com 30 comprimidos); Rivotril 0,25 mg (apresentação com 30 comprimidos sublinguais); e Rivotril 2,5 mg/ml (solução oral, apresentação em frasco com 20 ml)”, segue o comunicado.
Questionada sobre os motivos da interrupção, a Blanver não respondeu até a publicação deste texto.
O Rivotril é amplamente utilizado para tratar diversas condições, incluindo transtornos de ansiedade e de humor, síndromes psicóticas, crises epilépticas, espasmos infantis (síndrome de West), pernas inquietas, problemas de equilíbrio, síndrome da boca ardente e vertigem, conforme detalhado na bula.
Apesar da descontinuação, especialistas ressaltam que há alternativas para que pacientes possam manter o tratamento sem interrupções.
De acordo com o psiquiatra Marcos Gebara, presidente da APERJ (Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro), os comprimidos de 2 mg do Rivotril são sulcados de forma a permitir a divisão em quatro partes.
“Para quem necessita da dosagem de 0,5 mg, é possível utilizar outras apresentações e dividir o comprimido, se necessário. Não há problema algum em fazer isso”, afirma.
Gebara também diz que a dosagem de 0,25 mg, disponível em formato sublingual, pode ser engolida sem perda de eficácia e que duas unidades desse tipo equivalem a um comprimido de 0,5 mg.
“Pode ser um pouco inconveniente ter que dividir comprimidos ou tomar dois para ajustar a dosagem, mas existem alternativas, como o uso em gotas, que permitem uma personalização mais precisa do tratamento”, afirma, reforçando que essas opções contornam a falta da dosagem.
As receitas emitidas pelos médicos, contudo, vão ter que mudar. Isso porque um paciente com uma receita de Rivotril 0,5 mg dificilmente vai conseguir comprar outra dosagem do medicamento, o que pode representar um obstáculo para aqueles em tratamento contínuo.
Uma saída é buscar o princípio ativo —de acordo com Gebara, o clonazepam genérico é uma alternativa eficaz. “Não há problemas maiores com essa mudança”, diz o médico.
A reportagem também procurou a Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias) para falar sobre a falta de estoque do Rivotril 0,5 mg, mas a entidade disse não ter recebido notificações formais sobre desabastecimento das redes associadas.
Por outro lado, grandes redes de farmácias como Droga Raia, Drogasil, Drogaria SP e Pacheco confirmaram estar com estoque esgotado de Rivotril 0,5 mg, mas não tinham informações sobre a descontinuação do medicamento.
Já a Ultrafarma afirmou, em nota, que a Blanver “notificou descontinuação temporária do Rivotril 0,5 mg em 24/10/2023, até agora sem comunicação de reativação”.
A Blanver Farmoquímica e Farmacêutica assumiu a produção do Rivotril no Brasil em julho de 2021 após a transferência de direitos da farmacêutica Roche. Desde então a distribuição do medicamento é feita pela empresa Biopas.