Um menino de 4 anos morreu após ser atingido por um disparo na noite desta terça-feira (5), no morro do São Bento, em Santos, litoral paulista. A Polícia Militar fazia uma operação na comunidade e afirmou que entrou em confronto com criminosos.
O menino brincava na rua quando foi atingido na região do abdômen. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O pai da criança morreu em confronto com a PM em outra operação em fevereiro deste ano.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta (6), o coronel Emerson Massera, afirmou que, pela dinâmica dos fatos, o tiro que matou a criança provavelmente partiu da arma de um policial.
“Pela dinâmica da ocorrência, nós temos que, provavelmente, o disparo que atingiu o menino partiu de uma arma de um policial militar. O projétil ficou alojado, nós teremos agora condições de fazer o confronto balístico. Mas tudo indica, pela dinâmica da ocorrência, pela forma como o cenário se dispôs ali, que esse disparo provavelmente partiu da arma de um policial militar. Lamentamos muito”, afirmou.
Ele disse, ainda, que uma mulher de 24 anos foi atingida de raspão no braço. Ela foi medicada e liberada, segundo o coronel. O tiro que a atingiu, segundo Massera, também deve ter partido de um policial.
O pai do menino morto, ainda de acordo com o porta-voz, foi morto em fevereiro deste ano, durante troca de tiros com PMs na região, durante a Operação Verão.
“Não é legal falar isso nesse momento, porque nós temos uma criança vítima, mas o pai era envolvido com crimes na região e confrontou a polícia em duas oportunidades. O pai dele, o Leonel, era deficiente. Ele estava de muleta quando foi morto. E essa deficiência foi por conta de um tiroteio com a polícia”, destacou.
Dois suspeitos, de 15 e 17 anos, também foram atingidos por disparos na ação, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública). O mais velho morreu e o outro está internado sob escolta. As armas que estariam com eles foram apreendidas.
Segundo a pasta da segurança, os agentes faziam patrulhamento em uma área de tráfico de drogas na região quando foram atacados por um grupo de aproximadamente dez criminosos.
A SSP afirmou em nota que “lamenta profundamente o falecimento de uma criança de quatro anos durante um confronto entre criminosos e policiais militares.”
A Delegacia Seccional de Santos instaurou um inquérito para apurar os fatos e determinou a realização de perícia nas armas apreendidas e no local do confronto para esclarecer a origem do disparo que atingiu a criança.
Os sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas e encaminhados para receber apoio. Eles são tratados como vítimas, de acordo com o porta-voz da PM, pois foram atacados e trocaram tiros com os criminosos.
Eles não usavam câmeras, segundo a PM, pois o batalhão ao qual pertencem ainda não foi contemplado com os equipamentos.
Para identificar os criminosos, Massera afirma que a PM iniciará uma operação na região, com reforço de policiamento, incluindo o Batalhão do Choque.
“O reforço do policiamento é uma operação. É uma operação, inclusive, com apoio de outras unidades da Polícia Militar, com destaque ao policiamento de choque. Mas essa operação tem um objetivo claro, que é identificar e prender esses criminosos. Nós não sairemos de lá enquanto eles não forem presos, enquanto eles não forem, pelo menos, identificados e responsabilizados”, afirmou Massera.
Ele não descartou uma possível escalada da tensão na Baixada Santista em razão da nova operação.
“É claro que não descartamos a possibilidade de uma escalada na tensão, mas nós estamos trabalhando de maneira muito profissional, de maneira muito técnica e maneira muito pontual nesse momento. Então, não descartamos, porém, não acreditamos no primeiro momento que isso vai acontecer”, afirmou o coronel.
Outro caso
Em outubro, dois homens morreram após um suposto confronto com policiais militares, também no morro do São Bento. De acordo com a SSP, PMs realizavam uma incursão no local quando viram os dois jovens armados e houve o confronto.
Os suspeitos, de acordo com a pasta, foram socorridos e levados para a Santa Casa de Santos, mas não resistiram.
“O local foi preservado para a realização de perícia e a ocorrência está sendo apresentada à Polícia Civil“, diz a nota.