Pessoas idosas são mais suscetíveis a tombos devido a uma combinação de fatores, como doenças crônicas, incluindo hipertensão e diabetes, que podem causar insensibilidade nos pés, além de problemas de visão, explica Caio Zamboni, diretor da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico.
Fatores como o uso de óculos desajustados ou bifocais também podem alterar a percepção de profundidade, aumentando o risco de tropeços, diz o médico.
O cantor e apresentador Agnaldo Rayol morreu na madrugada desta segunda-feira (4), aos 86 anos, após sofrer uma queda no apartamento em que morava, em São Paulo.
Em outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 78, cancelou uma viagem à Rússia após um acidente doméstico, quando escorregou no banheiro e bateu a cabeça.
Com o envelhecimento do sistema nervoso, há uma perda gradual da propriocepção, que é a capacidade do cérebro de avaliar o próprio corpo em relação ao ambiente, afetando equilíbrio, postura e força muscular.
Essa perda aumenta o risco de quedas, ressalta Cleber Furlan, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Quadril.
Como socorrer um idoso após uma queda
A primeira coisa a fazer é procurar ajuda médica imediatamente, explica Caio Zamboni. Ligue para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), no 192, ou para o Corpo de Bombeiros, no 193, para garantir atendimento pré-hospitalar adequado, orienta o médico.
Após o atendimento inicial, Cleber Furlan afirma que “de imediato, é preciso avaliar se não há complicações associadas, como fraturas ou lesões musculares. No caso do presidente, que recentemente passou por uma cirurgia de quadril, é ainda mais importante garantir a integridade da prótese durante essa análise inicial”.
Zamboni explica que, após o idoso sofrer uma queda, é preciso ficar atento a sinais como confusão mental, sangramentos visíveis ou hematomas.
O especialista destaca que um hematoma como um galo na cabeça, inchaço contínuo em determinada parte do corpo, problemas de visão, audição ou equilíbrio após uma batida na cabeça requerem atenção. Alterações na memória recente, como dificuldade em lembrar eventos, também são indicativos críticos.
É possível prevenir quedas de pessoas idosas?
A prevenção de quedas em idosos deve começar cedo, com cuidados para fortalecer a saúde óssea e muscular ao longo da vida. A osteoporose (perda de massa óssea) e a sarcopenia (perda de massa muscular) podem ser reduzidas com uma rotina de exercícios, incluindo atividades aeróbicas e musculação, que ajudam a melhorar força e agilidade.
“No ambiente doméstico, é essencial adotar medidas de segurança”, enfatiza Zamboni. Adaptações recomendadas incluem a instalação de corrimãos em escadas e corredores, barras de apoio em banheiros, além do uso de pisos antiderrapantes em áreas como banheiros e cozinhas.
Os móveis devem ser bem distribuídos nos ambientes da casa para evitar obstáculos por onde o idoso caminha. Preferencialmente, os objetos não devem ter quinas afiadas.
Furlan destaca que é muito comum os idosos tomarem diuréticos, o que os faz levantar no meio da madrugada, no escuro, para ir ao banheiro. “Nesse contexto, tapetes ao lado da cama devem ser evitados, pois representam risco de escorregões.”
Quando houver necessidade de ter tapetes em casa, eles devem ter bases antiderrapantes, especialmente em áreas de circulação. Fios de eletrodomésticos ou extensões elétricas devem ser organizados para evitar tropeços.
Em relação aos calçados, Caio Zamboni recomenda que os idosos evitem chinelos, que podem escorregar ou sair do pé. O ideal são sapatos fechados e confortáveis, com solado antiderrapante, além de modelos sem cadarço, que eliminam o risco de desamarrar durante a caminhada.