Há algumas semanas uma campanha tem chamado a minha atenção no percurso diário no trem e metrô de São Paulo. É a “Olhe Mais de Perto”, lançada pela Childhood Brasil com o objetivo de conscientizar a população, pais e responsáveis, sobre casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, com dados do Brasil todo.
Um desenho de uma casinha feito por uma criança pode dizer muito mais. Quem se aproxima e olha mais de perto se depara com informações alarmantes: 85% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes são cometidos por conhecidos; sendo 65% dentro de casa.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a cada hora, oito crianças ou adolescentes são vítimas de violência sexual no Brasil, mas apenas 8,5% dos casos chegam ao sistema policial. De cada dez vítimas, oito têm menos de 17 anos.
Em 88,2% dos casos, a vítima é uma menina de até 13 anos. Para os meninos, o pico de violência começa aos três anos e se mantém quase constante também até os 13 anos.
O anuário aponta ainda que, em relação ao autor do crime, pode-se afirmar que 63,3% foram praticados por familiares e 22,2% outros conhecidos.
Laís Peretto, diretora executiva da Childhood Brasil afirma que enfrentar e prevenir a violência sexual contra crianças e adolescentes exige tornar visível o que é invisível e transformar essa luta em uma causa de todos.
“O silêncio perpetua o ciclo de violência, protegendo apenas o agressor. Falar sobre abuso sexual é mexer em uma ferida aberta da nossa sociedade, especialmente porque essa violência ocorre justamente em espaços que deveriam ser de proteção e cuidado.”
Idealizada pela Soko/Droga5 São Paulo, ‘Olhe Mais de Perto’ conta com uma série de ilustrações com características infantis para chamar a atenção do espectador e promover maior conscientização de toda a população para a importância de perceber, escutar e acreditar na criança e adolescente que está perto de você.
“Falar de família no Brasil é um tabu. Mas nosso papel foi encontrar uma forma de falar com a sociedade sobre algo tão doloroso e ajudar as pessoas a mudarem isso. Se a família hoje pode estar sendo um lugar de dor, pode começar a ser ainda mais um lugar de acolhimento e solução”, diz Gabriela Rodrigues, vice-presidente de impacto da Soko/Droga5.
As diversas formas de violência contra vulneráveis não se manifestam apenas em indícios físicos, mas também em sinais emocionais e comportamentais. As mensagens em texto escondidas nestas ilustrações provocam uma reflexão, reforçando a importância da atenção aos detalhes e comportamentos que não podem passar despercebidos dentro de casa, e de que um olhar atento pode salvar uma criança.
A comunicação começou em outubro, quando foram lançadas peças de conscientização em cinemas, redes sociais, TV, mídias OOH, shopping centers, aeroportos, estações de metrô e trem.
A gerente de comunicação e marketing da Childhood Brasil, Raquel de Paula Oliveira, afirma que o objetivo foi criar uma campanha que inspirasse um senso de responsabilidade coletiva para construir um ambiente seguro e protegido.
“Queremos que a mensagem rompa o silêncio sobre a violência sexual dentro de casa e desperte a consciência de todos para essa realidade. Proteger crianças e adolescentes é cuidar do futuro no presente.”
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