Três em cada quatro brasileiros dizem frequentar parques ou praças arborizadas nas cidades onde moram, sendo que a maioria o faz ao menos uma vez por semana. O hábito, porém, é bem menos comum entre pessoas idosas ou de baixa renda do que entre as mais jovens e de renda mais alta.
Os dados são de uma pesquisa inédita do Datafolha, encomendada pela Fundação SOS Mata Atlântica. Foram entrevistadas 2.018 pessoas, com idade superior a 16 anos, em 113 municípios de todas as regiões, entre 5 e 12 de setembro. A amostra é representativa da população brasileira, e a margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Segundo o estudo, 7% dos entrevistados costumam frequentar áreas verdes urbanas todos os dias, 37%, de um a seis dias por semana, 9%, uma vez a cada 15 dias e 15%, uma vez ao mês. Outros 5% dizem que só vão uma vez ao ano e 26%, que não vão nunca.
Nas faixas etárias de 16 a 24 anos e de 25 a 34 anos, respectivamente 83% e 84% relatam ir a parques e praças — na faixa dos 60 anos ou mais, só 59% disseram o mesmo.
O hábito é mais comum entre moradores de municípios com mais de 500 mil habitantes (80%) do que entre os que moram em localidades com até 50 mil pessoas (69%) e entre homens (77%) do que entre mulheres (72%).
Houve, ainda, diferenças em relação à condição socioeconômica. Enquanto 91% dos entrevistados com renda familiar mensal de mais de 10 salários mínimos frequentam áreas verdes urbanas, 71% daqueles com renda familiar mensal de até 2 salários mínimos têm esse costume.
Para a população com grau de escolaridade superior, o índice é de 84%, ante 63% daqueles que estudaram até o ensino fundamental.
Para Diego Igawa Martinez, coordenador de projetos da SOS Mata Atlântica, os resultados mostram a importância das áreas verdes para a população urbana e a necessidade de democratizar o acesso a elas.
“Os dados reforçam que há um grande interesse da população por essas áreas verdes e que se trata de uma agenda muito importante para as cidades, especialmente nessa virada de gestão municipal”, diz.
“É preciso não só ofertar mais parques e praças, principalmente nas áreas periféricas, mas dotar essas estruturas de equipamentos de lazer e cultura que sejam atrativos.”
Segundo Igawa, entre os benefícios para a saúde e bem-estar da população urbana estão a diminuição das ilhas de calor e a melhora da qualidade do ar.
A pesquisa também verificou se a população costuma visitar parques nacionais e áreas de proteção e preservação ambientais. A maioria (58%) afirmou que não frequenta.
Dos 42% que o fazem, a frequência mais comum é uma vez ou menos por ano (13% do total da amostra) e uma vez por mês (12%). Outros 2% disseram que vão todos os dias, 10%, de um a seis dias por semana e 5%, uma vez a cada 15 dias.
O hábito de frequentar parques nacionais e unidades de conservação é mais forte entre homens (47%) do que entre mulheres (38%), entre jovens (47% dos que têm de 16 a 24 anos, ante 31% da faixa de 60 anos ou mais) e entre os mais instruídos (58% daqueles com nível superior, ante 31% dos que estudaram até o fundamental).
A disparidade é grande na segmentação por renda, com 36% da população que ganha até 2 salários mínimos frequentando parques nacionais, enquanto 63% daqueles que ganham mais de dez salários mínimos o fazem.
Questionados se são a favor da criação de parques nacionais, 91% dos entrevistados se disseram favoráveis, enquanto 6% foram contrários e 3% não opinaram.
Em 2023, as unidades de conservação federais receberam 23,7 milhões de visitas, de acordo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A causa “Mata Atlântica: Regenerar e Preservar” tem o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica.