Ao apostar na simplicidade e diversão, com gráficos deslumbrantes e design PS2, a Square Enix apresenta aqui um dos seus melhores jogos dos últimos anos.
Visions of Mana é um projeto que, enquanto grande fã da Square Enix, desperta um enorme prazer em conhecer. Enquanto a maioria do mundo está focada nos jogos da montra, aqueles nomes sonantes que servem para fazer listas e criar discussão (mesmo que nem sequer os queiram jogar), os fãs desta adorada marca japonesa entram na “sua loja”, olham o catálogo todo e procuram descobrir o máximo possível das suas experiências.
Alguns projetos de pequena ou média escala não resultam tão bem, aliás, até muitos projetos de escala maior não ostentam o requinte que desejarias, mas jamais podemos acusar a Square Enix de tentar coisas diferentes, de tentar capturar a essência do que torna um JRPG tão divertido, tão singular. Numa companhia que te apresenta Forspoken, Dragon Quest Treasures e Final Fantasy 16, entre outros, a variedade das interpretações do conceito JRPG revelada pelas suas equipas é algo que delicia.
No entanto, somente quem vai além da montra e dos cabeçalhos consegue descobrir a magia que está em toda a Square Enix, pequenos doces como este Visions of Mana. Após jogar este esforço produzido fora da Square Enix, na produtora Ouka Studio, da chinesa NetEase, é que consegui perceber a enorme dedicação da editora para o mostrar ao mundo. Mais ainda, percebi o porquê de o ter feito com tanto orgulho pois para os fãs de JRPGs, Visions of Mana pode tornar-se em algo mesmo especial.
Um coração doce e um design simples
Visions of Mana é um jogo que poderá demorar um pouco a capturar toda a tua atenção. Confesso que somente quando o elenco principal ficou totalmente reunido, com a história a chegar a um dos principais eventos, é que dei por mim finalmente interessado em tudo o que se estava a passar, a querer saber mais. Até à altura, estava a sentir até que era tudo muito infantil, desconexo.
Isto porque Visions of Mana é um jogo que aposta nas principais filosofias da série, o primeiro título original em quase 20 anos, o que poderá significar que muitos fãs de JRPGs não estão a par dos seus pilares. Como seria de esperar, a Árvore da Mana está no centro da trama, que te coloca inesperadamente perante conceitos trágicos. Em Visions of Mana, a cada 4 anos são escolhidas pessoas de aldeias específicas para se tornarem Alms, que se devem sacrificar à árvore para manter a paz no mundo. O conceito é trágico, mas a escolha e a peregrinação até à árvore é vista como um motivo de orgulho.
No entanto, Val, o principal protagonista que é escolhido como Protector dos Alms para os acompanhar na jornada, começa a questionar até que ponto é justo perder a pessoa que ama, que ainda por cima terá de acompanhar até se sacrificar, para manter o resto do mundo seguro. Inicialmente, poderá fazer confusão como as personagens lidam bem com a escolha para o sacrifício, o que tornou difícil levar a sério o jogo nas primeiras horas. No entanto, a trama aprofunda, as personagens desenvolvem-se, conheces mais do elenco e Visions of Mana começa a conquistar.
Action RPG simples, divertido e desprovido de artificialidades
Com uns gráficos fenomenais, capazes de transmitir aquela preciosa sensação de estar dentro de um livro de encantar, ao longo das mais de 35 horas que precisas para terminar Visions of Mana (isto com muitas das banais missões secundárias feitas para obter mais itens e dinheiro), a Ouka Studio consegue melhorar ainda mais a experiência ao apostar na simplicidade. Este é efetivamente um daqueles jogos nos quais menos é mais, no qual a simplicidade é usada a seu favor.
Digo isto pois Visions of Mana é um jogo que te poderá fazer pensar de imediato na PS2, nessa era dos JRPGs, nessa metodologia, na qual as coisas não eram complicadas porque sim. Este é um jogo de combate em tempo real, no qual alternas entre zonas lineares, outras semi-abertas de maior escala, onde transitas rapidamente de exploração para combate, e na qual o sistema é simples, mas interessante.
Podes martelar botões, mas aproveitar as mecânicas é melhor, o que significa alguma profundidade, troca rápida entre os 3 membros ativos na equipa e variedade de comportamentos. Não é o melhor dos sistemas de combates que verás num JRPG, mas é divertido e isso chega. A gestão das personagens, sistema de classes, árvore de habilidades e a gestão de equipamentos também são extremamente acessíveis, o que transmite a ideia de um jogo que pode ser jogado por qualquer tipo de pessoa, desde os veteranos da série aos menos habituados.
As zonas do mundo estão repletas de locais com os quais podes interagir para obter itens, o ritmo de jogo está bem conseguido, existem inúmeras missões secundárias absolutamente banais a lembrar a era da PS2, mas dão bom dinheiro e frequentemente bons itens, e até existem itens que podes obter para trocar por habilidades ou buffs equipáveis. Com um sistema de combate simples, mas divertido, gráficos de encantar e jogabilidade geral que captura a essência dos JRPGs da era PS2, Visions of Mana tornou-se num dos meus jogos favoritos da Square Enix nos últimos anos.
“Jogo com design PS2” começa a ser um dos mais maravilhosos elogios
Ao longo dos últimos anos, começamos a receber jogos cujo design podia ser feito na era da PS2, mas com uma qualidade técnica e jogabilidade atuais que nos deixam totalmente rendidos. Visions of Mana pode juntar-se a essa lista de jogos que pode receber o que já se tornou num magnífico elogio. É um JRPG desprovido de artificialidades para prolongar a duração, com mecânicas simples, sistema de combate divertido, visualmente esplendoroso, e uma narrativa que conquista a cada novo capítulo.
Prós: | Contras: |
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