Após o resultado do primeiro turno das eleições municipais que ocorreram no último dia 6, o nome amplamente mencionado nas redes sociais foi o de Gilberto Kassab, presidente do PSD.
Assim que a apuração foi finalizada, o partido comandado por ele venceu a eleição em 878 municípios, tornando-se a sigla com maior número de prefeituras do país, seguido por MDB e PP, com 847 e 743 respectivamente. Esse número ainda pode aumentar caso o PSD vença nas cidades onde disputa o segundo turno, como Belo Horizonte, Curitiba, Ribeirão Preto e São José dos Campos.
O resultado contundente despertou a atenção de parte da população e se refletiu nas redes sociais. Nos mais de 90 mil grupos públicos de WhatsApp analisados pela Palver, as menções a Kassab começaram a crescer em 7 de outubro e atingiram pico no dia 8, com 31 menções a cada 100 mil mensagens trocadas na amostra.
Desde então, o líder do PSD manteve um número elevado de menções, uma vez que se tornou alvo de ataques, especulações e análises vindas de grupos de direita.
Duas semanas antes do primeiro turno das eleições, Kassab e seu partido tinham entrado na mira de representantes da direita, como Nikolas Ferreira (PL) e Gustavo Gayer (PL). Na ocasião, as mensagens acusavam o PSD de não estar alinhado com os interesses do país, principalmente por não se posicionar a favor do impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
A investida parece não ter surtido efeito, dado que os resultados do PSD foram bastante expressivos. Isso é relevante na medida em que o controle das prefeituras pode ter um forte impacto nas eleições de 2026.
Com os municípios servindo como palanques daqui a dois anos, o resultado das eleições municipais deu a Kassab um importante poder de negociação para o próximo ciclo eleitoral, fazendo com que nem Lula e nem Jair Bolsonaro o queiram como inimigo político declarado.
Além disso, o partido compõe tanto o governo federal, no qual tem três ministérios, como o de São Paulo, com o próprio Kassab sendo secretário de Governo e Relações Institucionais, aumentando ainda mais esse poder de articulação.
É por essa razão que tanto o PSD quanto Kassab estão sendo tão atacados nas redes sociais analisadas pela Palver. Umas das mensagens que mais apareceu no WhatsApp, classificada como sendo de comportamento robótico, apontava que “o maior inimigo do Brasil é Gilberto”
As mensagens classificam Bolsonaro e sua família como “marionetes de Kassab”, argumentando que ele fez o ex-presidente apoiar Nunes em São Paulo e que há uma articulação que controla toda a política formada por “Temer, Kassab e Moraes”.
Uma das mensagens dizia que “infelizmente, nosso presidente está sendo feito de massa de manobra por Kassab e companhia”. Outras, como essa, colocam Bolsonaro como uma vítima do sistema e incapaz de enxergar por conta própria as consequências de seus movimentos políticos.
No entanto, uma parte dos grupos de direita está colocando Bolsonaro ao centro, como sendo parte do sistema, e, portanto, traidor da direita. Nessa linha, utilizam trechos da entrevista de Flávio Bolsonaro para o Metrópoles na qual o senador admite que pode ter que compor com Kassab em 2026 a depender da conjuntura política.
Esse ataque contra Kassab no ambiente digital pode ser um tiro no pé da própria direita, uma vez que, se tiverem que negociar apoios políticos nas próximas eleições, terão que explicar ao eleitor as incoerências desse processo, o que poderá ser aproveitado por qualquer um que apareça dizendo ser “direita de verdade”.
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