Morreu nesta sexta-feira (25) Zé Carlos, lateral que defendeu o São Paulo e a seleção brasileira, aos 56 anos. Ele fez parte do elenco que disputou a Copa do Mundo de 1998.
O ex-jogador estava em Osasco, na casa de uma sobrinha, onde familiares notaram que ele não havia acordado cedo.
Os familiares, então, chamaram o Corpo de Bombeiros diante da suspeita de parada cardiorrespiratória. Ele foi atendido no Pronto Socorro do bairro Santo Antônio, onde foi constatada a morte.
Zé Carlos deixa uma filha de 8 anos e um filho de 16.
O ex-atleta morava em Presidente Bernardes, sua cidade natal, onde fazia trabalhos junto à Secretaria de Esportes.
Em nota divulgada na rede social X, o São Paulo lamentou a morte do lateral. “O São Paulo Futebol Clube manifesta seu profundo pesar pelo falecimento de Zé Carlos, aos 56 anos, e decreta luto oficial. Ele foi lateral-direito do Tricolor no título paulista de 1998, ano em que também defendeu o Brasil na Copa do Mundo”, disse o clube no comunicado.
A equipe tricolor também lembrou que o ex-jogador foi campeão paulista pelo clube em 1998. Depois, ele deixou o clube e foi para a Ponte Preta.
Ainda em 1998, Zé Carlos ganhou a vaga na Copa na última hora. Ele foi convocado em maio no lugar do volante Flávio Conceição, cortado por lesão. Na ocasião, o lateral do São Paulo tinha casamento marcado e adiou por conta da vaga na Copa.
Naquele grupo, ele era o único entre os 23 convocados a nunca ter jogado no exterior. Mesmo assim, disse ter sido bem recebido pelo elenco que contava com nomes como Ronaldo, Roberto Carlos e Rivaldo.
“Eu era igual a eles [outros convocados]. Um ou outro tinha mais nome, mas isso não fez de mim inferior”, contou o ex-atleta em uma entrevista à Folha em 2010.
Se sua convocação na época era improvável, jogar no lugar de Cafu era mais difícil ainda. Porém, a chance surgiu na semifinal depois que o titular acabou levando um segundo cartão amarelo na fase anterior, diante da Dinamarca, e acabou suspenso do jogo seguinte.
“Na hora que ele [Cafu] levou o cartão, logo pensei que jogaria, mas dormi sem saber. Não me falaram nada no dia. Só no treino o Zagallo falou comigo”, contou.
Zé Carlos também se mostrava contrariado quando era questionado sobre ter sofrido com uma possível tensão no dia do jogo com a Holanda. Em sua resposta, se comparou a Pelé.
“Eu sou ser humano. Deu aquele ‘geladinho’ em mim na partida, mas isso de tremer não existe. A adrenalina que deu em mim é a mesma que dava no Pelé, e que daria em qualquer um.”
Zé Carlos teve uma trajetória incomum pelo futebol. Começou a jogar aos 21 anos, no São José, sem passar por divisões de base. Jogando na várzea de Osasco, na Grande São Paulo, até 1991, soube de uma peneira no São José-SP naquele ano e resolveu “arriscar”, sendo aprovado por Emerson Leão.
“Foi tudo rápido na minha carreira. Foi um presente maravilhoso participar daquele grupo”.
Também foi escriturário de banco e funcionário de uma metalúrgica antes de estrear. “Sou uma pessoa preparada para tudo.”
Assim que voltou da França, Zé Carlos chegou a ser sondado por clubes do Japão, mas não foi negociado. No Grêmio, foi ainda campeão gaúcho, rodando depois por diversos times e encerrando a carreira profissional no Noroeste-SP, em 2005.