Para muitos, o Microsoft Excel é o símbolo do tédio corporativo. Seu temido erro #VALOR! levou um número incalculável de usuários ao desespero. No entanto, entre analistas financeiros, consultores de gestão e até mesmo alguns jornalistas de economia, o programa de planilhas, que comemorará 40 anos em 2025, é uma ferramenta útil para tudo, desde a análise de finanças empresariais até a precificação de ativos.
Satya Nadella, CEO da Microsoft (a criadora do programa), chamou-o de “melhor produto de consumo” que a empresa já fez. O Excel tem até o seu próprio campeonato mundial, realizado em Las Vegas, onde magos das planilhas usam funções como tabela dinâmica, concatenar e PROCV para saírem vitoriosos.
O Excel não foi a primeira planilha para computadores pessoais. Essa honra pertence ao VisiCalc (abreviação de calculadora visível), criado em 1979 por Dan Bricklin, então estudante da Harvard Business School.
Em 1983, um programa rival —o Lotus 1-2-3— havia assumido a liderança. Quando a Microsoft lançou o Excel em 1985, trouxe algumas inovações inteligentes. Em vez de recalcular todas as células quando uma era alterada, o Excel atualizava apenas as células afetadas. Isso o tornava muito mais rápido, especialmente no hardware limitado dos primeiros computadores pessoais.
A Microsoft também abandonou a interface de linha de comando complicada por uma gráfica, tornando-o muito mais fácil de usar.
O Excel rapidamente se tornou uma das ferramentas de negócios mais populares. Os números exatos são difíceis de determinar porque o software é vendido em conjunto com outros produtos da Microsoft, mas no ano passado a empresa relatou que sua versão em nuvem tinha quase 400 milhões de usuários pagos.
O Google Sheets, um produto concorrente do gigante das buscas, ganhou espaço nos últimos anos, mas permanece na sombra do Excel, especialmente para cálculos mais complexos.
O programa criado pela Microsoft já foi envolvido em muitos erros comerciais e de políticas —embora seus defensores sejam rápidos em culpar o homem pelas falhas. O mundo financeiro está repleto de histórias de erros grosseiros em planilhas.
O que é o Microsoft Excel?
O Excel é um popular programa de computador feito para lidar com planilhas. Nelas, as informações são divididas em:
O Excel também foi culpado por confundir nomes de genes em mais de um terço dos artigos de genoma (porque os classificava como datas), subnotificar casos de Covid-19 na Inglaterra (porque tinha um número limitado de linhas para registrar os resultados) e atrapalhar o julgamento dos manifestantes de 6 de janeiro nos Estados Unidos (porque informações sensíveis foram deixadas em células ocultas).
Porém, essas gafes não abalaram o domínio do Excel. Será que a inteligência artificial (IA) acabará com esse reinado? Com novas ferramentas sofisticadas impulsionadas pela tecnologia prometendo facilitar a análise de dados, a grade familiar de números e cálculos pode em breve parecer ultrapassada.
Em vez de substituir as planilhas, no entanto, a IA pode torná-las ainda melhores. No mês passado, a Microsoft introduziu um assistente de IA para o Excel que permite aos usuários analisar dados usando comandos em linguagem natural. O Excel, e seus fiéis, ainda não estão prontos para serem filtrados.
Texto de The Economist, traduzido por Fernando Narazaki, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado em www.economist.com