O governo Cláudio Castro (PL) confirmou nesta sexta-feira (25) a exoneração de Jerson Lima da Silva da presidência da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). Ele deve ser substituído por Caroline Alves da Costa, até então presidente da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica) fluminense.
As mudanças constam de ofício de Anderson Moraes, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, e também incluem a nomeação de Alexandre Valle Cardoso para o comando da Faetec.
Ex-deputado federal, Cardoso teve seu nome citado para assumir a Faperj. Ele concorreu pelo PL neste ano à Prefeitura de Itaguaí, na Baixada Fluminense, e não foi eleito.
Em relação a Caroline, na página da presidência da Faetec é dito que se formou em pedagogia e odontologia. Além disso, consta que foi chefe de gabinete do Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Fundação Cecierj) e atuou na Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio e nas secretarias estaduais de Assistência Social e Direitos Humanos e de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A nomeação dela, no entanto, ainda pode ter de ser revista. Um documento desta sexta-feira assinado pelo subsecretário Victor Travancas reprovou o nome dela para o cargo pela falta do título de doutorado.
Na noite da última terça (22), Silva soube da exoneração do cargo de presidente da Faperj por meio de uma nota da Secretaria de Ciência e Tecnologia. No mesmo dia, Castro nomeou como novo diretor de tecnologia da fundação Mauro Azevedo Neto, que era secretário de Ciência do estado até 2023, no lugar do físico e professor titular da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Aquilino Senra Martinez.
No cargo desde 2019, após ter sido indicado pelo ex-governador Wilson Witzel (PMB), Silva é professor titular do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo De Meis, da UFRJ, e coordenador do Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas.
Seus estudos ajudaram a desvendar processos complexos envolvidos na formação de tumores, como a descoberta da função da proteína p53, conhecida como “guardiã do genoma”, no aparecimento de câncer, doença de Parkinson e outras doenças causadas por príons.
Nos últimos anos, os recursos disponíveis para pesquisa e inovação da Faperj aumentaram, passando de R$ 265,39 milhões em 2019 para R$ 574 milhões em 2023. A gestão de Silva criou editais para fixação de jovens pesquisadores no estado, aumentou o valor das bolsas de pós-graduação da fundação e estabeleceu um programa para fomentar a presença de meninas e mulheres nas ciências da computação, exatas e engenharia.
A exoneração gerou protestos de pesquisadores e de entidades científicas, que divulgaram cartas em apoio ao médico. Uma das manifestações foi uma nota conjunta da ABC (Academia Brasileira de Ciências) e da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) endereçada a Castro. Nela, as entidades declararam “intensa preocupação da comunidade científica fluminense e brasileira ante os rumores de troca na direção da Faperj”.
As entidades faziam “um apelo para que o governador (…) não faça da direção da Faperj um cargo partidário”. Uma petição pública, lançada por membros da comunidade científica e civil, pedia a reversão da exoneração de Silva e reunia, até as 16h desta sexta, mais de 23 mil assinaturas.