Na próxima quarta (8), os ataques e invasões realizadas nas sedes dos três Poderes em Brasília completarão dois anos. Nos grupos públicos de mensageria de suporte ao ex-presidente Jair Bolsonaro, os usuários clamam para que a população celebre a data e que seja criado o “Dia do Patriota”.
No monitoramento realizado pela Palver, há uma intensa troca de mensagens com relação ao 8 de janeiro. É possível observar uma disputa de narrativas entre os grupos de direita e esquerda. Uns defendem anistia aos presos e condenados pelos ataques, enquanto os outros pedem que a lei seja rigorosa com todos os envolvidos.
Há, nos grupos de direita, uma tentativa de consolidar os fatos como uma grande conspiração do governo Lula para aprisionar pessoas inocentes, infiltrando pessoas para que realizassem os ataques e, em conluio com o STF, condenar e prender os patriotas.
Na argumentação, os usuários afirmam que as prisões foram feitas de forma arbitrária e que os verdadeiros responsáveis pelo vandalismo foram os infiltrados de esquerda. Para sustentar essa versão, há vídeos e gravações apontando que a Abin sabia antecipadamente que os ataques aconteceriam e mesmo assim nada fizeram.
Essa versão é repetida intensamente nos grupos de direita, não somente ao longo das últimas semanas, mas desde que os ataques ocorreram. Os usuários ainda acusam o presidente Lula e o então ministro da Justiça Flávio Dino de terem conhecimento dos ataques e de terem preparado o decreto de intervenção federal no DF antes de 8 de janeiro. Além disso, os usuários classificam o ocorrido no 8 de janeiro como uma grande emboscada, na qual houve participação do Exército Brasileiro.
Na última semana, um dos vídeos que mais foram compartilhados com relação ao tema traz o ministro do STF Alexandre de Moraes classificando os atos como tentativa de golpe de Estado e condenando comemorações e manifestações favoráveis, por conta da natureza golpista, e, portanto, criminosa dos atos. O texto de destaque do vídeo é: “Xandão ameaça o povo brasileiro”.
O vídeo foi compartilhado majoritariamente nos grupos de direita e sempre acompanhado de muita crítica a Moraes. Alguns usuários utilizaram vídeos de reação para denunciar o que chamaram de abusos do ministro do STF, argumentando que a manifestação faz parte da democracia e que coibir tais celebrações é uma atitude não democrática.
Além disso, o vídeo foi utilizado para inflamar os grupos de direita na tentativa de convocar uma grande manifestação nas redes sociais para a próxima quarta. As mensagens pedem que as pessoas usem suas redes para compartilhar materiais de apoio ao 8 de janeiro e, principalmente, com a chamada para a criação do “Dia do Patriota”.
O texto de motivação que acompanha as imagens e vídeos tem uma chamada para ação para que “os verdadeiros patriotas” ajudem no compartilhamento dos materiais com o objetivo de tornar esse dia reconhecido internacionalmente. Em alguns dos grupos, há pedidos explícitos para que não vinculem a imagem do ex-presidente Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro junto ao material do 8 de janeiro.
Nos grupos de esquerda também há bastante movimentação acerca do tópico. Na maioria das mensagens, os usuários condenam os atos e destacam o evento que acontecerá na praça dos Três Poderes com participação do presidente Lula. Além disso, pedem para que não haja anistia aos envolvidos na organização e nos ataques do 8 de janeiro de 2023, a quem chamam de criminosos.
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