Uma casa de acolhimento foi incendiada na madrugada desta segunda-feira (10) em São José dos Campos e causou a morte de quatro pessoas. Outras nove ficaram feridas.
O local, que fica na rua Sebastião Humel, na região central, atende pessoas em vulnerabilidade, em situação de rua e doentes.
Segundo a Polícia Militar, um homem incendiou um sofá e as chamas se alastraram pela edificação. O suspeito foi identificado e preso em flagrante.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar as chamas e ajudar na remoção das pessoas que estavam na edificação.
No local havia 22 pessoas, sendo seis delas acamadas e sem possibilidade de locomoção, que foram retiradas pelos bombeiros, algumas pelas janelas. Quatro foram encontradas carbonizadas e nove feridos foram encaminhados ao pronto-socorro. Não há informações sobre o estado de saúde delas.
Os bombeiros atuaram com oito viaturas e 16 agentes, que tiveram apoio do Samu, PM e GCM. O local está isolado e passará por perícia.
Andrea Laporta, 48, fundadora da casa de acolhimento, mora próximo do local e conta que foi acordada na madrugada pelos moradores da casa. “Me avisaram que uma pessoa havia usado combustível para atear fogo no sofá do brechó. Quando cheguei, não deu tempo de nada… O fogo se alastrou muito rápido. Eu tentei entrar, mas fui impedida por todos”, disse, emocionada.
O homem suspeito de ter iniciado o fogo é um velho conhecido e um usuário de drogas, segundo os moradores e voluntários. Na casa, ele recebia acolhimento e refeições regularmente.
“Falei que não poderia recebê-lo quando estivesse usado algum entorpecente. E que, já que estava trabalhando, como ele me contou, que ele poderia comer no restaurante popular. Não houve briga, mas bastou eu negar recebê-lo uma vez e olha o que ele fez”, diz a fundadora.
Segundo ela, a casa era mantida por voluntários por meio de doações, principalmente da comunidade católica. “É um pesadelo tudo isso. Anos de luta, de trabalho para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social e agora? Como vai ser?”, questiona Laporta.
No local, chamado Casa de Acolhimento Consoladora dos Aflitos, funcionava um brechó e, segundo a PM, o suspeito de atear fogo tinha desavenças com um funcionário desse brechó, e aparentava estar sob efeito de entorpecentes. Ele foi identificado por meio de câmera de monitoramento e preso em flagrante.
Claudia Araújo, proprietária da loja de vestidos de festa, vizinha do brechó, onde começou o incêndio, contabilizou na manhã de segunda o seu prejuízo. “Eu estava em casa quando a moça que trabalha em frente a casa de acolhimento me ligou falando: ‘Claudia, a casa pegou fogo e deve ter atingido sua loja.’”
“Sai correndo. Perdi uma sala inteira para o fogo. Foram mais R$ 200 mil em vestidos de festa”, lamenta.
Segundo ela, foram destruídas cerca de 500 peças. Sua preocupação agora é honrar os contratos fechados pela loja.
De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), os corpos foram encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) e o caso está sendo apresentado na CPJ (Central de Polícia Judiciária) de São José dos Campos, onde o homem foi detido.